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A centenária que estampa a capa de edição alemã da revista Vogue de mês de junho, Margot Friedländer, 102, é uma mulher extraordinária, dona de uma história forte, de extremo sofrimento, mas com final feliz.
Margot foi levada para um campo de concentração na República Tcheca, quando tinha apenas 21 anos. Perdeu mãe e irmão nas mãos dos nazistas.
Conseguiu superar sua tragédia pessoal, foi morar em Nova York, onde se casou, e, mais tarde, criou um instituto que busca encorajar jovens a transmitirem histórias dos sobreviventes do Holocausto e a lutar contra o antissemitismo.
A Vogue alemã justificou a escolha da centenária Margot Friedländer para a capa, como uma forma de resgatar a memória e também de afrontar o preconceito de idade.
Leia o artigo de Damy Coelho para o Estadão:
Em um processo de resgate de memória e de combate ao etarismo, a revista Vogue Alemanha anunciou que Margot Friedländer, sobrevivente do Holocausto, é a capa da edição deste mês. Aos 102 anos, ela surpreende pela história de vida e superação.
Margot nasceu em Berlim, em 1921. Em 1944, foi levada para o campo de concentração Theresienstadt. Ela tinha apenas 21 anos. O irmão foi levado pela Gestapo. A mãe tentou confrontar, e foi levada, junto com o filho, a Auschwitz. Os dois foram assassinados.
Apesar da dor e do trauma, aprendeu a olhar com esperança para a vida. Entre os horrores do campo de concentração, conheceu o futuro marido. Após serem finalmente libertos, migraram para Nova York. Ficaram juntos até 1997, quando ele morreu. Foi quando sentiu que precisava voltar para sua terra natal.
Aos 88 anos, estava de volta a Berlin, dedicada a começar uma vida nova. A missão dela, a partir daquele momento, seria não deixar esquecer. Preservar a memória dos seus.
Para Margot, cultivar a memória em torno de sua de vida – que também envolve um dos momentos mais assombrosos da história da humanidade – é mais que missão: ela criou um instituto que busca encorajar jovens a transmitirem histórias dos sobreviventes do Holocausto e a lutar contra o antissemitismo.
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Depois dos 100 anos, Margot é exemplo também pelo prazer pela vida. Vai à opera com amigas, visita escolas, conecta-se com outras gerações com ternura. Quando questionada por crianças sobre o que pensa da guerra entre Israel e Palestina, responde: “Não olhe para o que os separa, mas sim para o que os une. Seja humano. Seja sensato.”
Ela confessa querer se aproximar do público mais jovem. “Vocês, jovens, estão aqui. Vocês têm um futuro que outros não tiveram”, diz à revista.
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Hoje, celebra a liberdade de poder contar sua história: “Sou grata. Grata por ter conseguido. Por poder realizar o desejo da minha mãe. Eu fiz minha vida.”
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