Um artigo importante do professor de educação física Márcio Atalla, publicado pelo Globo, sobre como o exercício físico, uma noite bem dormida e uma boa alimentação são fundamentais para manter o equilíbrio saudável corpo-mente e preservar a memória. À medida em que vamos envelhecendo, a tendência, sobretudo se você leva uma vida estressante, sem descanso, é ir perdendo a memória. Por isso, é preciso adotar certos cuidados para conter a deterioração do lembrar. Márcio Atalla dá a receita do que precisamos para manter em dia a nossa memória – nosso grande tesouro.
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A expectativa de vida aumentou desde que o homem existe nesse planeta. Aos poucos, foram sendo adicionados anos a mais em nossas vidas, e hoje pode-se viver até 100 anos. Para aproveitar esses anos a mais, precisamos de um corpo ativo e saudável. Mas, também de uma mente que acompanhe esse ritmo.
Provavelmente, pessoas que se cuidam têm corpo e mente “andando” juntos, até porque a atividade física é uma das principais ferramentas para manter nosso físico saudável e uma das melhores coisas que podemos fazer para nossa higiene e saúde mental. O exercício físico regular é capaz de aumentar a produção de novos neurônios. Com isso, melhoramos nossa função cognitiva, a memória, o foco, a concentração.
Está comprovado que a atividade física é capaz de evitar ou retardar o surgimento do mal de Alzheimer. A parte emocional do nosso cérebro também se beneficia com o movimento físico, diminuindo as chances de depressão. Isso porque secretamos mais hormônios, como dopamina e serotonina que melhoram nossa sensação de bem-estar, de alegria e ajudam a regular o sono.
O sono é um aspecto muito importante. O fato é que a sono ruim ou insuficiente é grande fator para um envelhecimento acelerado e para o surgimento de diversas complicações na saúde, como diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares. Assim como o exercício físico, o sono também está relacionado com o surgimento de demências.
Mas, então, como manter esse cérebro em atividade, promovendo mais qualidade nas idades avançadas? Pesquisas comprovaram que algumas atitudes são fundamentais.
Sono de qualidade e atividade física regular são essenciais. E, claro, um ajuda o outro. Quem faz exercício tende a dormir melhor, quem dorme melhor se sente mais descansado pra fazer exercício físico. É importante estimular a ação do ciclo circadiano, reduzindo a exposição da luz apenas mais próximo a hora de dormir, diria em torno de 22h, 23h.
Com isso, consegue-se garantir em torno de 7 horas, o que é ótimo. Fazer caminhadas, exercícios de força resistida, procurar se movimentar dentro de casa, evita passar longas horas sentado é importante. Mas, pequenos cochilos no meio do dia são muito bem-vindos, ajudam no bem-estar pra seguir.
Sair da zona de conforto e aprender coisas novas, diferentes das que se está acostumado ou que já há uma facilidade de aprendizado é estimulante para o cérebro. Uma pessoa que está acostumado a estudar línguas, aprender sobre matemática, mercado financeiro. Ou, pra mim, por exemplo, aprender a tocar um instrumento musical, coisa que nunca tive contato na vida. Enfim, desafiar os neurônios a um novo tipo de conhecimento, é um exercício eficiente.
Outra coisa importante são as relações pessoais, sociais, os laços afetivos, a interação com amigos e familiares. É comum que o idoso se torne mais introspectivo, fique mais isolado, até pelo “ritmo” de vida diferente dos mais velhos. Mas, o isolamento é muito prejudicial para a cabeça. Não conversar, interagir, discutir questões, trocar opiniões, é um silêncio mental que torna o cérebro, assim como o próprio idoso, isolado e sem estímulos externos.
É importante falar e ouvir e ser ouvido. Ideal que o idoso tenha seu grupo, com pessoas de sua idade, que gostem de teatro, atividade física, passeios e que possam ter sua vida social ativa como em todas as outras fases da vida.
E por fim, uma dieta mediterrânea, rica em vegetais, frutas, azeite, grãos, além do consumo moderado de peixe, laticínios e vinho, e pequenas quantidades de carne animal.
Estudo feito pela Academia Americana de Neurologia acompanhou 400 pessoas, com cerca de 70 anos durante seis anos, e comparando a grossura de seu córtex, no antes e depois, concluíram que quem não seguia uma dieta próxima a da mediterrânea tinha probabilidade maior de perder volume cerebral.