Maya Santana, 50emais
Este artigo do Dr. Marcelo Levites para o Estadão volta a bater naquela velha tecla: depois de uma certa idade, sem exercício físico não há salvação. É preciso estar muito consciente disso para se motivar. Exercício, seja qual for – nadar, caminhar, academia, andar de bicicleta -, é para sempre, enquanto a gente conseguir. Mas o que Dr. Levites explica no artigo é o quanto o exercício beneficia, por exemplo, o coração de quem já não é jovem. Dr. Levites, que escreve com regularidade para o Estadão, faz todo o esforço para convencer as pessoas da necessidade de começar a se mexer mais. É um defensor incansável da prática de exercícios para se viver melhor.
Leia o que escreveu:
Hoje meu convidado é o Dr. Ricardo Nahas, médico do esporte e coordenador do Centro de Medicina do Exercício e do Esporte do Hospital 9 de Julho.
Já tive a oportunidade de abordar nessa coluna o maior benefício que o exercício nos traz, mesmo que você ache que tudo piora no envelhecimento: o coração.
Provou-se ao longo de décadas, que o coração é o órgão que fica mais saudável com o exercício aeróbio regular pois possui organelas que produzem energia em maior número que o músculo esquelético.
Essa peculiaridade da fisiologia torna o coração dependente de uma boa irrigação, ou seja, um bom aporte sanguíneo, o que só se consegue com o sistema circulatório livre de obstáculos.
As artérias coronarianas são as responsáveis por nutrir a fibra cardíaca. Livres, a função é exercida a contento. Obstruídas, causam o infarto, ou seja, a morte de tecido muscular cardíaco que deveria ser nutrido pela artéria obstruída.
Note como é importante a visita regular ao seu médico para executar uma atividade física saudável e o mais segura possível. Seu médico e testes que colocam o coração para trabalhar sob estresse (ergométrico, ergoespirométrico, entre outros) podem antever problemas e diminuir riscos.
Acho essa retribuição que o exercício traz suficiente para nos convencer da sua importância. Mas os benefícios não param por aí.
Para os pulmões, os exercícios regulares de reabilitação que facilitam a sua ventilação, melhoram muito a qualidade de vida daqueles que são fumantes ou ex-fumantes mas com sequela (doença pulmonar obstrutiva crônica, por exemplo). Nos saudáveis, exercícios regulares ampliam a capacidade de absorver o oxigênio nos pulmões, com melhor oferta do mesmo para os músculos (inclusive para o coração), aumentando a tolerância aos exercícios regulares (que podem ser progressivos no seu volume) e maior qualidade de vida.
Outro benefício fundamental para aqueles que praticam exercícios regularmente é a menor incidência de diabetes tipo 2. O exercício regular e aeróbio para a prevenção a esse tipo de diabetes (tão freqüente nos idosos) necessita de uma associação indispensável para cumprir seu papel: uma dieta apropriada. Um não funcionará bem sem o outro.
Mas se a doença já se instalou, perdi a chance? Pelo contrário! O exercício regular diminui a intolerância do organismo à insulina, que é a responsável por remover o excesso de açúcar no sangue e levá-lo para os depósitos celulares, onde ficam à disposição para a produção de energia, indispensável para as diferentes tarefas que o corpo humano desempenha diariamente.
Não entendeu? Olhe para baixo. Veja seus depósitos de gordura. Se eles estiverem já com o “tanque cheio” (e não em forma de tanquinho) é sinal que a insulina já não conseguirá mais fazer seu papel (intolerância!) e o açúcar em excesso continuará a aumentar no sangue. Isso é igual a diabetes tipo 2.
Para os preguiçosos a alternativa será a medicação regular que diminui essas taxas de açúcar circulante. Mas não impede que você possa percorrer o caminho inverso: dieta+exercício+medicação=vida saudável.
Quem sabe um dia você fique livre da farmácia popular e dependente apenas do binômio dieta+exercício=vida saudável!
Se tudo o que relatamos é pouco para convencer você a se exercitar, tenha calma. Na próxima coluna, conto muito mais. Viva mais e melhor.