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Não há saída. Se você quer ter uma velhice saudável, com menos doenças e mais ânimo para seguir em frente, tem que praticar alguma atividade física, porque nenhum remédio nos traz tantos benefícios quanto o exercício, a caminhada, o pilates.
Neste artigo, o professor de educação física, com pós-graduação em nutrição, Márcio Atalla, reforça essa mensagem: “O exercício físico inserido na rotina é a forma mais barata, mais eficiente e sem efeitos colaterais de se tratar ou retardar as complicações que chegam junto com a idade.”
Então, o negócio é ignorar a preguiça, às vezes o desânimo, e seguir em frente. A verdade é que, sem exercício físico, seja ele de que tipo for, não há salvação.
Leia o artigo de Márcio Atalla, publicado originalmente por O Globo:
Mais de 10% da população brasileira já tem mais de 60 anos e, em 2030, seremos a 5ª população mais idosa do mundo. Teremos mais pessoas de 60 anos do que de 0 a 14 anos de idade. É uma fatia da população que precisa ter qualidade de vida, e para isso precisa se cuidar hoje, o que significa fazer atividade física. Quem chegou aqui, já pensou: “mais do mesmo”. Sim, mas é MAIS do que é MESMO importante. E por dois fatores primordiais: para evitar quedas e demência.
Eu sempre falo de todos os benefícios que a atividade física regular pode fazer por nossa saúde física e mental. Sempre menciono que a atividade cerebral é beneficiada, estimulada, e além da melhora na cognição, foco, memória, ainda temos melhora no humor, na autoestima, e por aí vai.
Já estive com especialistas de vários assuntos ligados à saúde e uma delas, que me trouxe muito conhecimento nessa área, foi a dra. Wendy Suzuki, professora de Ciência Neural e Psicologia no Centro Universitário de Nova York, que já estuda há muitos anos a relação da atividade física com demências, estimulada, sobretudo, pelo fato de seu pai ter desenvolvido doença de Alzheimer.
Nos últimos 10 anos, várias pesquisas foram feitas sobre a relação exercício x demência. Muitas delas abordam o encolhimento de nosso cérebro com o passar dos anos, e por consequência do hipocampo, que é nosso centro de memória. Para aqueles que têm o gene APOE-e4, que aumenta o risco para desenvolver a doença de Alzheimer, a atividade física regular traz de fato proteção ao seu surgimento e desenvolvimento. Pesquisas também comprovaram que com apenas três sessões semanais de atividades como caminhadas, ciclismo, natação ou corrida, o tamanho do cérebro já parava de diminuir.
Pois bem, nos últimos dias, cientistas brasileiros, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) publicaram um artigo em que mostram a associação do hormônio chamado irsina com a perda de memória. O estudo foi feito em camundongos, e apesar de promissor, não se pode afirmar que seria igual com os homens. Mas, o fato é que a produção de irsina, que acontece durante o exercício físico, pode reverter a perda de memória.
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E, de verdade, não existe nenhum remédio que promova esse beneficio. Apenas a atividade física tem a capacidade de reverter o processo degenerativo do cérebro. Já se conheciam outras maneiras pelas quais o exercício físico poderia influenciar na saúde mental. Mas, agora estamos caminhando para mais descobertas.
De mãos dadas com os benefícios mentais, estão os musculares. Nas pessoas com mais de 65 anos as quedas são a terceira maior causa de morte. Sim, aquele tropeço seguido de tombo, que quebra ossos importantes e aos poucos leva ao óbito. Ou acaba sentenciando uma pessoa que tinha autonomia, a viver o resto da vida em uma cadeira de rodas. E, pior, 60% dessas quedas acontecem dentro de casa. Metade desses idosos acaba caindo, e tendo consequências graves, duas vezes por ano. Pra evitar que isso aconteça, ou reduzir as chances de tombos ou de consequências mais graves, é preciso fazer exercício de força resistida.
Ganhar ou deixar de perder tantos músculos nessa fase de vida é essencial. Ganhar força e equilíbrio através de atividades que envolvam propriocepção, noção espacial e agilidade na movimentação.
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Os passos mais curtos e indecisos, são um sinal de perigo. O ideal é retardar que isso aconteça. Mas, acima de tudo, ter dentro de casa um ambiente propicio a caminhadas sem obstáculos, degraus, tapetes, etc.
Mas a boa noticia de sempre é que o estilo de vida com movimento, o exercício físico inserido na rotina é a forma mais barata, mais eficiente e sem efeitos colaterais de se tratar ou retardar as complicações que chegam junto com a idade.
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