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Chamada de “epidemia silenciosa”, a solidão avança no Brasil e no mundo, com dados impressionantes, a ponto de a Grã-Bretanha ter criado o Ministério da Solidão, para lidar com as milhões de pessoas vivendo isoladas no país.
Durante a pandemia, em 2021, pesquisa mostrou que mais da metade dos brasileiros se sentia solitário. Passada a Covid, os dados mostram que o isolamento de idosos é sério também aqui entre nós.
A questão é mundial. Por isso o banco criado pelos irlandeses para ajudar a aproximar as pessoas, fazer com que conversem umas com as outras, está sendo adotados por páises como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Polônia e o Quênia, na África.
Leia mais detalhes neste artigo de Mariza Tavares, do blog Longevidade: Modo de Usar, de O Globo:
Tentamos ignorar as pessoas que dividem o espaço urbano conosco. No ponto de ônibus, no metrô ou numa praça, fingimos que os outros não existem, cada um mergulhado no universo do seu celular.
Em maio, Vivek Murthy, que ocupa o cargo de “surgeon general” nos EUA – responsável pelo serviço de saúde pública do país – divulgou documento alertando sobre a extensão da crise de solidão vivida pelos norte-americanos.
Mesmo antes da pandemia, metade dos adultos relatava sofrer pelo menos algum grau de isolamento. Felizmente, um movimento iniciado no Reino Unido vai na direção oposta: são os bancos batizados como “Feliz por conversar”: com cores fortes, eles têm um design especial para incentivar o contato interpessoal.
Allison Owen-Jones teve a ideia ao observar um idoso ficar 40 minutos sentado sozinho num parque de Cardiff, no País de Gales, onde mora.
“Não sabia como me aproximar sem parecer estranho, mas imaginei como seria bom fazer com que os outros soubessem que estamos disponíveis para bater papo”, ela conta. Foi assim que surgiu o banco da conversa, com a frase: “Happy to chat bank. Sit here if you don´t mind someone stopping to say hello” (“Banco ‘feliz por conversar’.
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Sente-se aqui se não se importa de alguém parar para dizer alô”). Em maio de 2019, começou a colar pequenos cartazes com esses dizeres e a iniciativa não só foi encampada por organizações não governamentais como se espalhou: Canadá, Estados Unidos, Austrália e Suíça foram algumas das nações a abraçar a causa.
Na Polônia, o “gadulawka”, como é chamado, traz o convite em polonês, hebraico e inglês. No Zimbabwe, são os “bancos da amizade” e podem servir, inclusive, para sessões terapêuticas.
Agentes de saúde recebem um treinamento básico em terapia cognitivo-comportamental com foco em solução de problemas. Em termos práticos, os participantes aprendem a identificar a causa de sua ansiedade ou depressão e a buscar soluções.
O objetivo é livrar as pessoas da “kufungisisa” (“pensar demais”). Modelo semelhante foi implantado no Malawi, Quênia e em Zanzibar. Pode ser que, dos encontros, não surjam relacionamentos profundos, mas a sensação de invisibilidade tende a diminuir.
Torço para que a proposta chegue aqui.
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