Maya Santana, 50emais
Na Casa Cor de 2018 em São Paulo, realizada em meados do ano, a arquiteta Flávia Ranieri criou o que chamou de Casa da Longevidade, um espaço todo ele planejado para pessoas mais velhas morar. O que norteou a decoração da casa e até o formato dos móveis foi a segurança do(a) morador(a). Os móveis, por exemplo, não tem quinas, as extremidades são arredondas, para evitar esbarrões que firam a pessoa. De acordo com este artigo do site Instituto da Longevidade Mongeral, o espaço foi um dos mais visitados pelo público superior aos 100 mil que passou pela Casa Cor. Como a população está envelhecendo, moradia para quem já passou dos 50/60/70 anos é um tema que desperta enorme interesse.
Leia o artigo:
Uma moradia planejada para a longevidade é um dos 82 ambientes mais visitados da CasaCor 2018, a maior feira de arquitetura, design de interiores e paisagismo da América Latina. Em 45 m², a arquiteta e gerontóloga Flávia Ranieri usa e abusa de tecnologia, mobiliários e materiais especiais para garantir um espaço que envelheça ao lado do morador sem necessidade de adaptações futuras.
“É um apartamento funcional voltado para a independência das pessoas mais velhas”, diz Ranieri, que se preocupou, nos mínimos detalhes, em incorporar itens de segurança para minimizar as estatísticas do Ministério da Saúde de que 7 em cada 10 acidentes envolvendo pessoas com mais de 60 anos acontecem dentro de casa. “Mas tudo sem deixar o espaço com cara de hospital”, ressalta.
E conseguiu. “Ficou aconchegante, dá vontade de morar aqui”, resume a advogada Tamires Soares, 59 anos, ressaltando que a planta permite que cadeirantes como seu marido usem normalmente a pia da cozinha e do banheiro, além de terem total autonomia no chuveiro. “Ele poderia até me ajudar a lavar a louça! Para mim, tem até um banquinho, porque chega uma hora que cansa, viu?”
E conseguiu. “Ficou aconchegante, dá vontade de morar aqui”, resume a advogada Tamires Soares, 59 anos, ressaltando que a planta permite que cadeirantes como seu marido usem normalmente a pia da cozinha e do banheiro, além de terem total autonomia no chuveiro. “Ele poderia até me ajudar a lavar a louça! Para mim, tem até um banquinho, porque chega uma hora que cansa, viu?”
Barras de apoio também foram instaladas pela arquiteta em locais estratégicos, mas ganharam cor e design diferenciados, a exemplo da que liga o quarto à cozinha, disfarçada de puxador da porta que esconde a lavanderia. Prateleiras e eletrodomésticos como geladeira, lava-roupas e aspirador de pó embutido têm altura ergonômica, evitando que o morador se agache.
Mas o ponto alto da moradia planejada para a longevidade é a tecnologia, que começa na porta de entrada. Se o morador esquecer as chaves, basta ligar para o celular do filho, por exemplo, que remotamente conseguirá abrir a porta. O familiar também pode ser avisado se a pessoa, após seguidos avisos, não acessar nos horários determinados a caixa de medicação ou se sofrer uma queda.
No quarto, além de uma cama com altura especial e quina arredondada, foi instalada uma iluminação acionada por voz que traça pelo rodapé um caminho até a cozinha e o banheiro, dispensando a busca por interruptores. As persianas também são programadas para abrirem de manhã, evitando que a pessoa troque o dia pela noite. “Mas tudo é feito por um app, então cada um configura como quer”, explica Ranieri.
“O que mais chamou a atenção foi que o ambiente, além de ser funcional para uma pessoa na minha idade, com prateleiras automáticas e móveis que dispensam bancos e escadas, preservou a história da família”, observou a educadora Sônia Maria Guimarães, 72 anos. “A arquiteta conseguiu dar nova vida a objetos que a gente, muitas vezes, deixa esquecidos no fundo do armário ou de uma gaveta.”
“Espaços inclusivos são aqueles que entendem as limitações naturais desta fase e transformam suas peculiaridades em detalhes que fazem a diferença”, explica Ranieri. “Tão importante quanto a funcionalidade do ambiente é incorporar nele memórias afetivas.” Como? Fazendo uma releitura das peças mais importantes e dando novos usos a elas. Aquele tapete lindo e cheio de história, mas que já provocou um tropeção, pode ir agora para a parede.