Crônica

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Mendigos: retrato da nossa derrota como civilização

Mendigos estão por toda parte no Brasil e não há ONG nem caridade individual que deem conta de alimentá-los, abrigá-los, devolvê-los à razão e ao auto-reconhecimento de sua condição humana. Vagueiam imundos, esfomeados, desdentados, enraivecidos. São, em incontáveis tons de cinza, a própria encarnação da derrota do Estado brasileiro na promoção do desenvolvimento de seu povo.

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Relógios de parede e o tempo perdido em desavenças

Os relógios da solitária, porém independente senhora, fazem lembrar a abertura do filme Tia Virginia, do diretor Fábio Meira. Uma história de familia – porque toda familia é igual – às vésperas do Natal.

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Quando a Inteligência Artificial é usada para enganar

Neste fim de ano em que o Espírito de Natal, de benevolência e caridade anda circulando (pelo menos nas propagandas) peço clemência à Inteligência Artificial que tomou posse do meu número de telefone e me tortura diariamente com uma média de 20 chamadas.

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O barulho ensurdecedor das cidades

O aquecimento global tirou de pauta a poluição sonora. Nos anos 1980 equipes da Defesa Civil saiam às ruas das capitais para medir os niveis de ruido, multavam bares com música ao vivo e acabavam com festinhas barulhentas depois das dez da noite. Desconfio que o bico calado sobre o assunto venha do fato de, no conjunto das causas da mudança climática, a poluição sonora ser apenas mais uma consequência da falta de investimentos em transporte de massa.

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A gente vai envelhecendo juntos

Estamos marcando encontros urgentíssimos, os velhos amigos. Obedecendo ao imperativo do tempo: se não for hoje, amanhã pode não ser mais! Pulamos de festa em festa, de bar em bar, de visita em visita, sem tempo ruim que impeça a celebração de qualquer coisa.

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Ventos quentes da terra em transe afetam até a tecnologia

Márcia Lage 50emais A mamucha da laranja se transformou em outro elemento, da noite para a manhã. Era uma espécie de plástico, dura e seca, oito horas depois de ter sido chupada. Se o calor desumano que encobre o país faz alquimia com as frutas

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Celular perdido: uma morte que nos afeta profundamente

Passei o feriado de Finados tentando ressuscitar um celular, afogado no mar no último dia de outubro. Não há morte que nos afeta tanto quanto essa: a de um mísero aparelho que nos enredou de tal maneira, que não podemos mais viver sem ele. Não por mais de dois dias. Enquanto estava na praia, nem liguei. Tinha outras pessoas registrando as férias e mantendo os seguidores informados de tudo.

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Além de cara, nossa burocracia atrasa o país

O que complica nossa vida é o hiato existente entre a modernidade e o atraso. A burocracia, por exemplo. Ela insiste em continuar torrando nossa paciência, quando os avanços tecnológicos já poderiam ter acabado com este transtorno há anos.

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Tive o privilégio de ter mãe por 68 anos. Herdei dela preciosidades

Coloquei duas batatas doces na panela e ouvi a voz da minha mãe dizendo: Não coloque muita água para cozinhar. Apenas o suficiente para cobrir a metade delas. Assim elas ficam sequinhas, quase como assadas. Água demais elas derretem e perdem o sabor. Ela repetiu esse ensinamento por tantas vezes que nunca me esqueço dele. Vale para batatas, couve-flor, milho verde, carne de panela.

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Todo excesso gera escassez

O excesso é desorganizador. Chego a essa conclusão toda vez que entro numa casa bagunçada. As loucas do almoço na pia, junto com as do café da manhã, e a pessoa usando outras e mais outras para fazer o café da tarde. Tudo se acumula e vai dando preguiça de lavar. Se houvesse apenas quatro pratos, quatro xícaras e quatro panelas na cozinha, a preguiça seria vencida pela escassez.

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