As cidades brasileiras estão preparadas para o envelhecimento da população? É isso o que quer saber uma pesquisa que está sendo realizada no Brasil pelo Mongeral Instituto de Longevidade. Se alguém perguntasse a você: as cidades brasileiras estão preparadas para o envelhecimento da população? O que você diria, com base na sua experiência? Eu responderia que nossas cidades estão muito longe de ser o modelo de um lugar apropriado para a circulação de pessoas com mais de 60 anos.
As calçadas são um horror, há buracos e armadilhas por todo lado (você viu a queda que o pianista Nelson Freire levou, há poucos dias, em uma calçada do Rio de Janeiro? Ele teve que passar por uma cirurgia no braço). Os sinais luminosos passam do verde para o vermelho com uma velocidade maior do que o idoso pode acompanhar. A acessibilidade em certos locais é nota zero. Enfim, tudo é planejado sem levar em consideração as necessidades de quem tem mais idade.
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Até 2050, 22% dos habitantes do planeta terão idade igual ou superior a 60 anos, somando dois bilhões de pessoas. No Brasil, a expectativa é de que, no mesmo período, o número de idosos chegue a 66,5 milhões, quase um terço da população, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas será que a sociedade está preparada para esta transformação? Como as cidades tratam seus idosos? Para marcar o Mês do Idoso, o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon traz os desafios das cidades para o envelhecimento de suas populações como tema de uma campanha.
O projeto levantará o grau de satisfação dos brasileiros com o preparo das cidades para o envelhecimento da população e conhecerá suas percepções sobre vários aspectos, como lazer, serviços de saúde, conservação, trânsito, ofertas de emprego, entre outros. O público pode opinar por meio do site cidadeselongevidade.org e em ações pontuais da empresa.
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— Em 1980, a expectativa de vida ao nascer era de 62,6 anos. Quase 40 anos depois, em 2018, a expectativa saltou para 76 anos. Embora as mudanças demográficas no Brasil não sejam segredos, o país precisa evoluir bastante quando o assunto é o preparo das cidades para a longevidade de sua população — acredita o presidente do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, Nilton Molina.
Comemorado em outubro, o Mês do Idoso foi criado com o objetivo de sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e da necessidade de proteger e cuidar da população idosa. A data foi instituída em 1990 pela Organização das Nações Unidas, que definiu o 1º de outubro como Dia Internacional do Idoso e, no Brasil, é instituída desde 2006.
Esta não é a primeira vez que o Instituto de Longevidade Mongeral Aegon aborda o tema “cidades”. Em 2017, a instituição lançou o Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade, ou IDL, que mediu o grau de preparo das cidades para o envelhecimento. Desenvolvido em parceria com a FGV, o IDL analisou 498 cidades brasileiras. A segunda edição do IDL será publicada em 2020, e os dados obtidos na atual pesquisa serão utilizados para alimentar a versão atualizada.
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Para o presidente do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, é fundamental que as cidades ofereçam infraestrutura e saúde para a população, principalmente a parcela mais idosa. No entanto, Molina lembra que os idosos estão cada vez mais ativos na sociedade e, por isso, é muito necessário que sejam observados outros aspectos de qualidade de vida, como a oferta de cultura e lazer, acesso à educação e qualificação, e mercado de trabalho.
– A sociedade nunca prestou muita atenção à população com mais de 60 anos porque se tratava de uma minoria. A boa notícia é que isso está mudando. Até 2030, teremos mais idosos no Brasil do que crianças. Aos poucos, eles vão ganhando voz. Devemos buscar conhecer mais sobre esse novo cenário demográfico, seus desafios e oportunidades de realizar novos desenvolvimentos urbanos mais inclusivos, porque uma cidade preparada para os idosos é uma cidade mais preparada para qualquer idade – destacou o diretor do Instituto de Longevidade, Henrique Noya.
Fundado há quatro anos, o Instituto segue desenvolvendo trabalhos baseados em quatro pilares de atuação: longevidade e trabalho, longevidade e saúde, longevidade financeira e longevidade e cidades.
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