Em 2020, o número de pessoas acima dos 60 anos vai superar o de crianças com menos de cinco. Em 2050, haverá cerca de 2 bilhões de idosos no planeta, de acordo com as estimativas da Organização Mundial da Saúde. O envelhecimento é o grande desafio do século 21 e a batalha que vem sendo travada por cientistas é como derrotá-lo, criando um arsenal que estenda a longevidade para bem além das fronteiras conhecidas.
Os senolíticos, por exemplo, são drogas que apresentaram um efeito surpreendente, ao diminuir o processo de envelhecimento e aliviar os sintomas de fragilidade associados à velhice. Fazem parte da linha de frente de pesquisas que buscam o equivalente a uma “fonte da juventude”: não apenas viver mais, mas sentir-se jovem; ganhar não apenas uma década de vida, mas talvez cinco…
Os cientistas estão debruçados sobre o processo do envelhecimento em nível celular, para encontrar vitaminas, medicamentos e tratamentos que interfiram e revertam o que seria o roteiro da natureza. Por trás desses pesquisadores há um grupo ativo de bilionários que tem investido pesadamente nessa nova área do conhecimento.
Peter Thiel, cofundador do PayPal, já havia posto alguns milhões no negócio das transfusões de sangue com o objetivo de rejuvenescimento. Tem inclusive planos para o crio-congelamento do seu corpo, isto é, pretende ser preservado num ambiente de temperatura baixíssima para ser ressuscitado no futuro.
Larry Ellison, criador do Oracle, é famoso pela frase: “A morte nunca fez sentido para mim”. Nas últimas duas décadas, investiu cerca de US$ 430 milhões no setor. Mais um para a lista: Larry Page, cocriador do Google e que acabou de se afastar do comando da companhia, fundou a Calico (California Life Company), voltada para pesquisas sobre a longevidade.
A proliferação de startups da longevidade é fenômeno recente, dos últimos dois ou três anos. Como era de se esperar, começou também a polêmica sobre o impacto das próximas descobertas. Uma das questões está relacionada aos efeitos das novas terapias a longo prazo, já que é preciso muito tempo para avaliar suas consequências.
No fim de 2017, foi publicado um estudo, intitulado “Intercellular competition and the inevitability of multicellular aging”, no qual os pesquisadores concluíram que não se pode impedir o envelhecimento de organismos multicelulares – como o nosso. Ao tentar retardar esse processo, outras doenças poderiam ser desencadeadas.
Há mais controvérsias em jogo, como o risco de uma superpopulação no planeta. E dentro do panorama de desigualdade social existente, tratamentos “premium” para deter o envelhecimento estariam disponíveis para um grupo muito reduzido, criando dois tipos de indivíduos: os reles mortais e os que beberam na fonte da juventude…