Há quatro dias, desde que li este artigo pela primeira vez, não como doce. Notei que, com a quarentena, passei a consumir mais alimentos que levam açúcar, principalmente, um pé de moleque irresistível, vendido por amigos. Estava me viciando em doce, principalmente, depois do almoço. E me sentindo muito mal, porque acabava me excedendo. Li este texto da Dra. Bruna Marisa Soares, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, e resolvi dar um basta. Estou me sentindo bem e o humor melhorou. Depois de ler o que a Dra. Bruna escreveu, você, com certeza, vai pensar três vezes antes de saborear um doce.
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Por ter me especializado em Endocrinologia, desde o início tratar com muita frequência de Diabetes Mellitus e ter presenciado durante toda a minha infância, a minha avó diabética que teve quase todas as complicações do diabetes, encaro o açúcar como o maior vilão da atualidade” – afirma a Dra. Bruna Marisa, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia.
”Depois que aderi ao estilo de vida, consumindo alimentos com baixo teor de açúcar, curei meu refluxo, perdi mais de 20 kg adquiridos na minha primeira gestação, que foi muito complicada devido a necessidade de altas doses de hormônios,” conta a médica, explicando que ninguém deveria usar o açúcar no seu dia a dia, afinal de contas, já é da tradição do prato brasileiro o uso de vários outros tipos de carboidratos como o pão, o arroz, a batata e o macarrão.”
Dra. Bruna esclarece que o açúcar comprovadamente causa dependência, exatamente como várias drogas que são consideradas nocivas.
Pessoas viciadas em açúcar devem ser tratadas da mesma maneira que qualquer dependente de drogas. De acordo com uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, os efeitos do açúcar no cérebro são parecidos com o mecanismo responsável pelo vício em cocaína.
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Quando usamos a desculpa do “eu mereço” para atacar um doce, com a falsa ilusão de que vamos nos sentir melhor, isso tem uma explicação: é o vício em açúcar. Estudos chegam a comparar essa compulsão pelo doce ao alcoolismo e ao tabagismo
O Açúcar pode levar à Compulsão e Síndrome de Abstinência
As vezes temos vontade de ingerir açúcar pra aliviar angústia, tristeza, a pressão geradas pelos problemas. As mulheres sentem muita vontade de consumir açúcar no período pré-menstrual e a maioria usa a desculpa de estar comemorando algo. Afinal, doce tem a capacidade de nos fazer sentir mais alegres.
Estudos recentes mostram que o ser humano é programado desde a infância para desejar o sabor doce. E, uma vez que o corpo experimenta o açúcar, não leva muito tempo para se viciar. Na verdade, o vício surge já no nascimento, pois o leite materno é extremamente doce, fazendo com que o recém-nascido comece a reconhecer o prazer de ingerir alimentos adocicados.
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A compulsão surge porque após ingerir uma guloseima, por exemplo, o cérebro libera opioides, que são substâncias químicas naturais que dão a sensação de imenso prazer. Ao reconhecer esta sensação boa, o cérebro começa a pedir mais e mais opioides e, consequentemente, mais açúcar.
Os cientistas já até identificaram as áreas do cérebro que são ativadas pela compulsão açucarada e descobriram que são as mesmas áreas ativadas no vício em drogas, o que prova a real capacidade de viciar do açúcar.
O Processo
Quando ingerimos doces, o açúcar entra no sistema sanguíneo, elevando os níveis de glicose e estimulando o pâncreas a produzir e liberar um hormônio chamado insulina, que converte a glicose em energia e em estoques de gordura. Mas além de cáries e obesidade, os doces também são ligados a outras doenças sérias, como a depressão do sistema imunológico, a diabetes e as alterações de humor.
Pesquisadores das universidades de Princeton e Minnesota, nos Estados Unidos, realizaram testes com camundongos. Estes testes mostraram que o vício em açúcar leva à compulsão e à síndrome de abstinência. Em humanos, imagens cerebrais mostraram que a imagem de um sorvete em pacientes normais gera a mesma sensação prazerosa no cérebro que imagens de um cachimbo de crack para um viciado.
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E o açúcar está presente em diversos alimentos do dia a dia, como katchup, sucos, refrigerantes, pães, cereais etc, e não acrescenta nada ao organismo, a não ser energia, pois não tem fibras, minerais ou antioxidantes. Além de engordar, aumenta as chances de ter cáries.
Carboidrato é um macronutriente formado fundamentalmente por moléculas de carbono, hidrogênio e oxigênio. Este macronutriente quando ingerido e absorvido, é responsável por liberar glicose, fornecer energia para as células (por ser a primeira fonte de energia celular) e fazer a manutenção metabólica glicêmica para que o corpo continue funcionando bem.
Eliminar os carboidratos da dieta é mais complicado, mas há como reduzir sua ingestão ao evitar alimentos industrializados – em especial a farinha branca. Também é necessário beber mais água, porque o cérebro confunde desidratação com fome; ingerir mais proteínas porque elas garantem saciedade por mais tempo e ajudam a resistir à vontade de comer um docinho. Também é fundamental abrir mão da sobremesa por três semanas para readaptar o paladar e diminuir a compulsão; e por fim, resista ao impulso de comer porque está nervoso, por habito ou por estar à toa, feliz ou triste.
Comida é alimento e precisamos tentar desvincula-la da fonte de prazer para não tornar isso um habito! Só uma exceção.
Dra. Bruna Marisa Soares é especialista em Clínica Médica, pós graduada e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Pós Graduada em Medicina Ortomolecular e possui cursos de Medicina Esportiva, onde atua.
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