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Uma entrevista muito gostosa de ler de Sandra Annemberg, apresentadora do Globo Repórter, sobre como anda sua vida aos 55 anos, quando os fios de cabelos brancos começam a aparecer.
Como toda mulher que começa a envelhecer, Sandra queixa-se das cobranças. E lembra que, enquanto seus cabelos grisalhos são assuntos na mídia, os homens – veja Pedro Bial e William Bonner, para citar só dois exemplos – envelhecem sem qualquer problema, sendo elogiados pela chegada da maturidade.
Sandra, que foi entrevistada por Silvia Ruiz, do blog Ageless, do Uol, confessa que o envelhecimento incomoda um pouco: ” É difícil, não é nada fácil. Mas eu estou aprendendo a lidar com isso. Estou negociando comigo. Eu poderia pintar os cabelos, fazer botox, que já fiz três vezes, aliás, e detestei. Não posso perder a expressão.”
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O Globo Repórter, ícone do jornalismo televisivo, comemora 50 anos em 2023, ao mesmo tempo que sua apresentadora chega aos 55. Sandra Annenberg é daquelas unanimidades nacionais que todo mundo adora ver na telinha exibindo seu largo sorriso, dando declarações sinceras e bem-humoradas, sempre fazendo jornalismo com humanidade e empatia. E , depois de mais de 30 anos de Globo, é assim também que ela pretende envelhecer em frente às câmeras: com honestidade, sem firulas e livre para ser quem é. "Adoro fazer aniversário, adoro a idade que tenho, sempre gostei de falar disso. E agora também tenho uma nova luta, combater o etarismo, que se une ao feminismo que eu vivi em casa desde cedo porque já era uma luta da minha mãe", disse Sandra em um papo virtual na última semana. "Eu não saí do vídeo ao longo desses 32 anos. É importante a gente ter essa representatividade. Eu estou envelhecendo e ponto. As mulheres precisam envelhecer e continuar no vídeo."
Feminismo e etarismo
“Minha mãe foi feminista nos anos 70, a primeira mãe desquitada da escola. Mães de outras meninas não as deixavam ir a minha casa porque existia esse preconceito com as mulheres separadas. Desde essa época as questões de igualdade de gênero são muito importantes para mim.”
Sandra fala sobre igualdade inclusive em relação ao “direito” de envelhecer que só é dado aos homens. “Meus cabelos brancos são assunto, quando isso jamais aconteceria com tantos colegas homens na TV. A gente não discute a idade dos homens, só a das mulheres. E a nossa geração está quebrando essas barreiras.”
De fato, os cabelos grisalhos de Pedro Bial ou William Bonner nunca foram manchete.
Isso quer dizer que envelhecer não a incomoda? “De jeito nenhum, é difícil, não é nada fácil. Mas eu estou aprendendo a lidar com isso. Estou negociando comigo. Eu poderia pintar os cabelos, fazer botox, que já fiz três vezes, aliás, e detestei. Não posso perder as expressões, senão não sou eu. Mas não fico me olhando no espelho e olhando as rugas. Meu rosto está ficando marcado de um jeito que eu acho muito legal. Por enquanto é assim e, se incomodar, também posso mudar de opinião.”
Longevidade x vaidade
“A saúde e a finitude são as coisas que me pegam. Eu tenho menos tempo para viver do que já vivi. O que me incomoda nesse processo é sentir dores nas costas, por exemplo. Também tive problemas nos dentes recentemente porque tenho bruxismo.
Esse tipo de coisa da velhice me incomoda mais do que a aparência. Cada vez que faço meu check-up anual me dá um alívio quando os exames mostram que está tudo bem. E isso dá uma zerada e fico feliz para me cuidar ainda mais.”
Cuidar da saúde é prioridade para a jornalista, mas sem neuras. “Faço pilates, caminhada, adoro andar, treino funcional. Tudo light, mas todo dia. Tenho alimentação bem saudável, mas me permito comer um pouco a mais às vezes, uma tacinha de vinho, tem que ter prazer.”
Menopausa
“Estou convivendo com esse monstro desde os 50 anos. Desconfiei que estava no climatério quando acordei uma noite ensopada de suor, sendo que eu nunca suo. Demorei para entender o que estava acontecendo comigo. Poderia ter começado a reposição hormonal antes. Hoje ela me ajuda muito, mas o fato é que nunca mais seremos as mesmas. Estou descobrindo uma nova pessoa. Recentemente eu limpei meu guarda-roupa, por exemplo.
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Tirei o que não serve mais, não tem por que guardar. Eu ganhei barriga, ganhei bunda. A gente não ganha peitos na gravidez? Por que não podemos mudar nessa fase também? A gente tem que se redescobrir.”
Casamento longo e ninho vazio
Casada há 30 anos com o jornalista Ernesto Paglia, Sandra conta que o “segredo” da longevidade da relação deles está nas coisas óbvias. “Temos tesão um pelo outro em todos os sentidos. Curtimos estar juntos, temos muito respeito e admiração um pelo outro, profissionalmente e na vida. Temos muito cuidado no dia a dia. Tem por favor, tem obrigada. Aquelas coisas que muitas vezes se perdem quando a gente tem intimidade. Claro que, como todo casamento, tivemos altos e baixos, mas tem sido muito bom.”
A filha do casal, Elisa, de 20 anos, saiu de casa há dois anos para estudar nos EUA, mas Sandra diz que, apesar da saudade, está lidando bem com o “ninho vazio”. “Ela queria tanto, a gente acaba fazendo essa viagem junto com ela. Ela divide tudo com a gente e tem sido muito gostoso.”
Liberdade
Sandra fala que a maturidade trouxe junto uma liberdade cada vez maior para viver como ela quer, quase como um ato de rebeldia. Além de não pintar os cabelos, ela é do tipo que vive por aí de cara lavada, sem filtro na tela e na vida.
“Eu também abandonei o salto, por que que a gente tem que se submeter e sentir dor? Agora só em ocasiões especiais. Também usei maquiagem diariamente por anos por causa do jornal diário, hoje não quero mais ser escrava disso. Eu gosto da praticidade.”
Vivendo o presente
Planos para o futuro não fazem parte do vocabulário de Annenberg. “Toda vez que tentei planejar alguma coisa, não deu certo. Eu sempre vivi no presente, mesmo profissionalmente. As coisas foram surgindo, continuo assim. Uma coisa que eu sei é que ainda quero viajar muito, me lançar muito pelo mundo.”
Ainda em 2023, o público vai poder rever Sandra num papel que ela não exercia há décadas: o de atriz. Ela será a narradora do espetáculo Pedro e o Lobo, do clássico de Sergei Prokofiev, que será encenado em São Paulo com uma orquestra ao vivo e teatro de bonecos no Teatro Municipal. “É um projeto que une três coisas que eu amo, cultura, arte e educação.”
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