As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte na população mundial e também no Brasil, de acordo com a Estimativa Global de Saúde da OMS. Entre essas doenças estão o infarto (no coração) e o acidente vascular cerebral (AVC). Dados da OMS mostram que ocorrem no mundo cerca de seis milhões de mortes por ano relacionadas ao AVC. É a segunda causa de morte países em desenvolvimento, como o Brasil.
Apesar de uma discreta redução nos últimos anos no número de mortes por AVC em mulheres entre 30 e 69 anos, as doenças cardiovasculares ainda são as que mais matam a população feminina nessa faixa etária.
Dois estudos, um da revista Stroke, da Sociedade Americana de Cardiologia, e outro feito na Holanda, sugerem que as mulheres entre 25 e 44 anos têm atualmente mais chances de sofrer um AVC do que os homens na mesma faixa etária.
No Brasil, o AVC é a maior causa de incapacitação da população na faixa etária superior a 50 anos, sendo responsável por 10% do total de mortes, 32,6% das mortes com causas vasculares e 40% das aposentadorias precoces. O país está entre os dez primeiros com maiores índices de mortalidade por AVC.
COMO OCORREM OS DERRAMES?
Os acidentes vasculares cerebrais ou derrames podem ser hemorrágicos, isquêmicos ou ainda uma trombose venosa central, e causam diminuição abrupta, total ou parcial do fluxo sanguíneo no cérebro, limitando a corrente de oxigênio e de glicose, o que gera danos às células do Sistema Nervoso Central. O diagnóstico precoce tem como principal objetivo restaurar o fluxo sanguíneo com a maior rapidez possível, a fim de limitar a lesão isquêmica e diminuir sequelas graves.
QUAIS SÃO OS SINAIS DE UM AVC?
Os sinais característicos de um AVC são rosto caído ou boca torta para um dos lados, dificuldades na fala, confusão ou desorientação mental, dificuldade na respiração, tontura, fraqueza geral, náuseas ou vômitos.
Quando não se consegue reconhecer e prestar socorro rapidamente, há prejuízo no fluxo sanguíneo no cérebro, o que pode levar a várias consequências, como perda de funções do corpo e até a morte.
QUAIS OS FATORES DE RISCO?
Dentre os fatores de risco mais importantes estão, idade (a partir dos 50 anos), hipertensão arterial, obesidade central ou abdominal, colesterol alto, tabagismo, diabetes, história familiar de AVC, sedentarismo, alcoolismo e uso de contraceptivos ou terapia hormonal no climatério-menopausa.
Esses fatores estão correlacionados com o desenvolvimento de placas de ateroma, que são formadas por lipídios, células mortas do sistema imune, tecido fibroso e calcificações que se acumulam dentro da camada íntima das artérias, diminuindo a luz arterial. A formação dessas placas ocorre lentamente e no decorrer de anos ou décadas.
O desenvolvimento e aumento das placas ateroscleróticas são graduais, reduzindo o fluxo progressivamente e fazendo com que haja um maior turbilhonamento do sangue naquele local, o que potencializa a formação de trombos, que consequentemente causam a interrupção abrupta da corrente sanguínea.
Nos casos de necessidade do uso de hormônios, o médico fará a avaliação do risco em relação aos benefícios, a fim de diminuir a possível predisposição ao acidente vascular (sedentarismo, hipertensão, obesidade, colesterol alto e outros). O tabagismo, quando somado à reposição hormonal aumenta o risco de acidente vascular cerebral em quatro ou cinco vezes.
Por outro lado, as mulheres estão sujeitas a diversos picos hormonais ao longo da vida, seja na gravidez e no puerpério(após o parto), no uso de hormônios (estrogênio) no anticoncepcional ou na terapia de reposição hormonal na menopausa, apresentando assim aumento na possibilidade de sofrer um AVC. Os estudos indicam um aumento de três vezes a incidência de AVC nas mulheres que fazem o uso desse hormônio.
AVC E MULHERES COM 50 E MAIS
Visto que há correlação direta entre os fatores de risco, o desenvolvimento da lesão aterosclerótica e a faixa etária, podemos esperar que a probabilidade de sofrer um AVC aumente com a idade.
Para as mulheres, são especialmente indicadas mudanças no estilo de vida, com investimentos em hábitos saudáveis e no autocuidado. Controlar o peso com alimentação balanceada, fazer exercícios regulares, práticas para redução do estresse, avaliação periódica da pressão arterial, monitoramento das taxas laboratoriais de glicose e lipídios e outros exames, além de acompanhamento com ginecologista são práticas necessárias para evitar a ocorrência dessa doença.
Para as mulheres que já tiveram um AVC, medidas adicionais são indicadas: avaliação das medicações em uso, dos riscos de trombofilias, controle da pressão arterial e uso de anticoagulantes também podem ser necessários.
O acompanhamento médico periódico como prevenção do AVC é importante para todas as pessoas, independentemente do sexo. Porém, para as mulheres, devido aos fatores hormonais já mencionados, é fundamental incluir em sua rotina, consultas médicas para avaliações, orientações e acompanhamento.