Aproveitando o Dia Internacional do Idoso, em outubro, o jornal Zero Hora pediu ao médico japonês Emílio Moriguchi, considerado referência no Brasil quando o assunto é geriatria, para escrever um artigo sobre o envelhecimento da população brasileira. O resultado é esse texto curto, muito bom, que tem o título “Envelhecer: privilégio ou castigo?”
Nele, o médico lembra que, dentro de alguns anos, seremos a quinta nação mais velha do mundo. E lamenta o fato de ainda não estarmos preparados para essa grande mudança. “Enquanto tivermos idosos que se queixam de que o envelhecer está sendo algo ruim, não estamos nos preparando como sociedade para o envelhecimento,” – afirma Dr. Emílio.
Leia o artigo e veja a entrevista, no final:
A população mundial está envelhecendo e o Brasil é um dos países em que mais rapidamente isto acontece, devido à diminuição abrupta da fecundidade e aumento da longevidade. Logo, em 2025, seremos a 5ª maior população de idosos do mundo.
Estamos preparados para este fenômeno?
Infelizmente, ainda não.
Diariamente, atendo pacientes idosos no ambulatório da rede pública de saúde e ouço frases como: doutor, faça alguma coisa, que envelhecer está sendo um castigo… Enquanto tivermos idosos que se queixam de que o envelhecer está sendo algo ruim, não estamos nos preparando como sociedade para o envelhecimento. E, isso, não é problema só na área da saúde.
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Toda a sociedade deve se preocupar com o envelhecimento. Afinal, esse processo permeia e atinge os diversos setores da estrutura social, como a própria infraestrutura, educação, saúde, políticas públicas e a iniciativa privada. Por isso, devemos ser educados, desde pequenos, a respeitar e cuidar do idoso, além de adquirir hábitos de vida que promovam o envelhecimento saudável para uma vida longa e feliz. Pois, sem saúde, não há longevidade nem felicidade.
Assim, com alguns cuidados, tornamos o ambiente e as instituições amigáveis ao idoso, tanto em relação à acessibilidade como à comunicação. Por exemplo, não se esqueça que os idosos são mais lentos e demoram para atravessar a rua assim como muitos têm dificuldades de ouvir e entender as mensagens. E, acima de tudo, respeito ao ser que contribuiu tantos anos para que a nossa sociedade pudesse estar no estágio de desenvolvimento atual.
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O meu sonho é que, algum dia, na nossa internação e no nosso ambulatório do Hospital de Clínicas, tenhamos muito poucos idosos, só realmente aqueles que precisem de cuidados de alta complexidade, e que nos digam: doutor, muito obrigado por ajudar a melhorar a minha qualidade de vida, neste finalzinho, com os seus cuidados. Aí, sim, podemos comemorar, efetivamente, um Dia Internacional do Idoso.
Veja entrevista do Dr. Emílio Moriguchi sobre como envelhecer de maneira mais sadia: