Maya Santana, 50emais
Toda manhã, quando vou caminhar, na praia do Leblon, eu vejo aquela senhora, vestida sempre de blusa com mangas compridas, pochete na cintura, luvas e o inconfundível chapel, que protege o cabelo da maresia e o rosto dos raios do sol. Religiosamente, ela está lá. Primeiro, faz o aquecimento nos aparelhos instalados na pracinha. Ali, ela se dedica a flexões e se alonga por um bom tempo. Quando acha que o corpo está preparado, sai a caminhar pelo calçadão.
A primeira vez que a vi, tão ágil, fiquei me perguntando quantos anos teria aquela senhora franzina, capaz de se exercitar com tanto vigor, cheia de charme. Fiquei constrangida de chegar perto e falar com ela. Ficava sempre observando o ritmo de seus exercícios. E aproveitava para fazer vídeos dela se movimentando. Repare no chapéu no chão:
Ontem, quinta-feira, não resisti. Assim que ela terminou de se aquecer, me aproximei e comecei a conversar.Ela se chama Marluce, tem 75 anos, e, não só se exercita todas as manhãs, de segunda a sábado – “no domingo, não venho. Vou a missa” – como faz pilates três vezes por semana. O resultado desse empenho de Marluce em se manter em forma, em ficar em contato com seu próprio corpo, pode ser constatado pela destreza com que se exercita e se move:
Hoje, sexta-feira, saí um pouco mais tarde de casa. Quando cheguei à pracinha: cadê Marluce? Fiquei por ali. Fiz um pouco de exercício e, vendo que ela não aparecida, fui continuar a caminhada. Mal havia andado 200 metros, vejo Marluce vindo lá longe. Ela me reconheceu. Conversamos um pouco. Contou que tem uma filha e uma netinha, que se aposentou depois de mais de 30 anos trabalhando para um banco e que caminha e faz exercícios todos os dias, porque foi a forma que encontrou de se sentir bem.
Eu tenho 68 anos. E me identifico com Marluce, porque também acredito no poder do exercício físico. Quando fico um tempo sem me movimentar, meu corpo e meu espírito se ressentem. Só através do exercício consigo ânimo, energia para seguir em frente. A minha caminhada matinal tornou-se tão importante para mim quanto me alimentar e dormir. O que me incentiva a seguir é o fato de, beirando os 70, não consumir qualquer tipo de remédio. Nem mesmo para controlar a pressão. E, como Marluce, estar sempre bem disposta.