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No Brasil, o tênis não é um esporte popular, mas vem ganhando mais e mais adeptos. Segundo estudo da PUC do Paraná, praticar tênis ajuda na construção de massa muscular e está diretamente ligado ao ganho de equilíbrio, além de aumentar a expectativa de vida.
“Há algum tempo se sabe que a musculação e outras atividades físicas que promovem ganho de massa muscular ajudam na prevenção de quedas e no ganho de qualidade de vida,” diz este artigo de Giovanna Castro para o Estadão, completando: “A diferença para o tênis se dá, no entanto, no trabalho específico do equilíbrio, combinado ao ganho muscular.”
Praticar tênis, resume a matéria, é garantia de envelhecimento saudável.
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Se você gosta de jogar tênis, pode comemorar: o esporte é um dos melhores para garantir um envelhecimento saudável, conforme mostra um estudo desenvolvido por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Isso porque ele trabalha o equilíbrio, o que ajuda os idosos a levarem uma vida com maior autonomia, além de proteger contra quedas, acidentes que são a terceira maior causa de morte entre pessoas com mais de 65 anos no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde.
A pesquisa, publicada na revista científica internacional Journal of Science in Sport and Exercise, comparou o equilíbrio de um grupo de pessoas na faixa dos 20 anos, sem considerar o estilo de vida delas, com outro de pessoas com mais de 65 anos que praticavam tênis semanalmente há pelo menos um ano. O resultado foi surpreendente: expostos a um mesmo estímulo que gera desequilíbrio, não houve diferença entre os dois em relação ao tempo de resposta muscular.
Para chegar à conclusão, os pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia em Saúde (PPGTS) da PUCPR utilizaram uma plataforma digital e eletrodos para medir o tempo de reação da musculatura da perna dos participantes à uma descarga de peso (usada para gerar desequilíbrio). Esse tipo de medição, chamada eletromiografia, permite obter dados de tempo de resposta precisos, de milissegundos.
“Os estudos sobre equilíbrio consideram um marco de 200 milissegundos de resposta muscular. Quando a resposta acontece em menos de 200 milissegundos, nós a consideramos um reflexo: o sistema nervoso conseguiu reagir automaticamente, sem a necessidade de mandar um comando ao cérebro”, explica Eduardo Mendonça Scheeren, professor e pesquisador da PUCPR a frente do estudo.
“Depois desse período, quer dizer que o reflexo não aconteceu e a pessoa precisou pensar para dar o comando de reação”, diz o professor. Este é, na maioria das vezes, o resultado medido em idosos, especialmente aqueles que são sedentários.
Mas, no caso dos idosos tenistas, assim como nos jovens, o tempo de reação da musculatura ao estímulo do teste foi inferior ou igual a 200 milissegundos. Ou seja, compatível com um reflexo.
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Combinado ao resultado numérico, a observação e análise dos pesquisadores mostrou que há, no entanto, uma diferença notável entre os jovens e os idosos: enquanto os jovens mantêm-se relaxados e reagem apenas ao impulso de desequilíbrio, os idosos praticantes de tênis demonstram uma estratégia motora para manter a postura, ativando a musculatura com maior intensidade antes da perturbação do equilíbrio.
O pesquisador compara essa estratégia motora a “manter o botão do afogador acionado”, estratégia utilizada por motoristas para fazer com que um carro, mesmo com um motor mais fraco, dê partida rapidamente. “Eles (os idosos) não exatamente mantém a mesma resposta corporal ao longo do tempo, mas, sim, adaptam suas respostas para manter o equilíbrio”, explica Scheeren.
As vantagens do tênis
Como já mostrou o Estadão, há algum tempo se sabe que a musculação e outras atividades físicas que promovem ganho de massa muscular ajudam na prevenção de quedas e no ganho de qualidade de vida. A diferença para o tênis se dá, no entanto, no trabalho específico do equilíbrio, combinado ao ganho muscular.
“Quem joga tênis sabe que tem muito deslocamento para frente e para trás; para um lado e para o outro. É o que a gente chama de deslocamento lateral, um movimento ideal para treinar o equilíbrio”, afirma Scheeren. A necessidade de atenção e resposta rápida à bola, exigida pelo esporte, também é um ponto forte a favor do desenvolvimento do equilíbrio.
“O tênis é muito empolgante, um desafio a cada jogo – não em relação ao outro, mas com nós mesmos. Exige raciocínio rápido e conexão forte entre corpo e cabeça”, diz Arlete Maria Veiga, 73 anos, empresária. “Jogo duas vezes por semana e, traçando um paralelo com outras mulheres da minha idade, diria que sou privilegiada. Claro que tem a alimentação também, entre outros fatores, mas devo muito ao tênis.”
A falta de equilíbrio é um dos fatores que leva idosos à dependência, mina a autoestima e resulta em mais quedas – e, combinado com outros fatores, como fraqueza dos ossos e maior lentidão nos sistemas que controlam a recuperação do corpo, essas quedas podem ser fatais.
Segundo o Ministério da Saúde, as quedas são a terceira maior causa de mortalidade entre pessoas com mais de 65 anos no Brasil – por sangramento, agravamento de condição preexistente ou má recuperação pós-cirurgia. Por isso, Scheeren acredita que praticar tênis pelo menos duas vezes por semana pode, sim, aumentar a expectativa de vida.
Não só o tênis
Apesar de o estudo da PUCPR focar na prática de tênis associada ao desenvolvimento do equilíbrio, Scheeren garante que esse não é o único esporte com tal poder. De acordo com ele, esportes que envolvem bola e resposta rápida, em geral, têm esse efeito. Vôlei, futebol e handebol são alguns exemplos.
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“Existe um aparelho também, muito comum em estações de atividade física de praças e parques, que é focado em equilíbrio. É aquele em que você coloca os dois pés, um ao lado do outro, e ele faz um movimento lateral, forçando a pessoa a se equilibrar”, diz o professor.
Apostar em modalidades de esportes na areia também é uma boa pedida para intensificar o treino do equilíbrio e o ganho muscular. Neste sentido, o tênis e o vôlei de praia ganham destaque.