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Extremamente importante este artigo do Dr. Paulo Hoff, diretor do Sirio Libanes, sobre o que podemos fazer para evitar o câncer.
O médico chama a atenção para as previsões alarmantes do aumento do número de casos no Brasil.
“Teremos, nos próximos três anos, mais de 2 milhões de novos casos de câncer, um aumento significativo comparado aos anos anteriores”,alerta ele.
Dr. Paulo Hoff cita o estrategista chinês, para explicar que “devemos usar nosso conhecimento sobre o câncer, suas causas e apresentação, para desenharmos estratégias de prevenção.”
E como fazer essa prevenção? É o que ele explica abaixo.
Leia:
Uma das mais célebres frases de Sun Tzu, o grande estrategista chinês que viveu 500 anos antes de Cristo, é: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas.” A ideia por trás desta máxima é que o conhecimento permite planejamento e preparação adequados. Isso é verdade na guerra, mas também nos desafios do cotidiano.
No último mês, uma pesquisa divulgada pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer), apontou um dado alarmante que confirma as previsões em relação ao problema do câncer em nosso país. Teremos, nos próximos três anos, mais de 2 milhões de novos casos de câncer, um aumento significativo comparado aos anos anteriores.
Serão mais de 700 mil anualmente, bem acima dos 625 mil novos casos estimados para 2022. Precisamos urgentemente de estratégias que reduzam essa curva de crescimento e ajudem a que mais pacientes superem a doença.
Podemos usar a experiência de outros países para entender melhor nossa situação, e os caminhos que podemos escolher. Com mais e um milhão e meio de casos por ano, os Estados Unidos da América enfrentam mais casos de câncer “per capita” do que o Brasil.
Embora a incidência deles permaneça estável ao longo dos anos, a mortalidade, ou seja, o número de pacientes que morrem devido à doença, vem caindo na proporção de 2% ao ano ao longo da última década.
Infelizmente nossa realidade não é essa, e o aumento de casos de câncer no nosso país carrega consigo um aumento proporcional no número de mortes pela doença. Por que não temos o mesmo sucesso?
A American Cancer Society aponta que, embora novas terapias tenham um papel nessa melhora, o maior ganho parece advir da prevenção e detecção precoce, que permite o tratamento de lesões iniciais. Conhecendo o problema, e soluções já aplicadas com sucesso, podemos e devemos adequar essa experiência à nossa realidade.
O fator mais conhecido e aceito para o aparecimento de tumores envolve o envelhecimento da população. A idade avançada traz um acúmulo de divisões celulares e tempo de exposição a fatores ambientais e genéticos.
Porém, também temos observado um aumento de casos entre pessoas mais jovens. Mudanças nos hábitos alimentares, de atividade física, e a exposição a carcinógenos e poluentes parecem ter um papel nessa mudança epidemiológica.
Nossa maior esperança para redução de novos casos está na prevenção, baseada primeiramente na modificação de fatores de risco, como não fumar, evitar o sedentarismo, manter um peso adequado, adotar hábitos de vida saudáveis, ter uma alimentação balanceada, estar com a vacinação em dia, particularmente contra o HPV e hepatite B, usar preservativo nas relações sexuais, evitar o consumo excessivo de álcool, entre outros, são atitudes importantes para prevenir o surgimento do câncer.
Outra forma de prevenção inclui exames de rotina regulares, que permitem a detecção de doenças pré-malignas ou cânceres iniciais, e mais fáceis de tratar.
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O Papanicolau previne o câncer de colo de útero, e deve ser oferecido a todas as mulheres a partir dos 25 anos. A mamografia é o principal exame para diagnosticar o câncer de mama, e a recomendação é que seja feita, anualmente, a partir dos 40 anos, podendo ser iniciado ainda mais cedo para mulheres que possuam casos na família.
Outro câncer altamente tratável com exames preventivos é o de intestino. Exames aceitáveis incluem a colonoscopia ou mesmo o teste de sangue oculto nas fezes, que é muito barato e de realização simples. A orientação atual é que um desses exames seja oferecido a partir dos 45 anos, ou mais cedo para quem tem casos na família.
Como já nos dizia Sun Tzu, devemos usar nosso conhecimento sobre o câncer, suas causas e apresentação, para desenharmos estratégias de prevenção, que nos permitam também ter uma redução constante no risco de morte por essa doença terrível, como já acontece em outros países.
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