50emais
Um relato bem humorado de uma escritora americana, 50 anos, do que de bom e de ruim ela se deparou desde o dia em que decidiu deixar de pintar os cabelos e assumir a cabeleira branca.
Falo por experiência própria. Nem sempre é fácil, sobretudo porque, apesar de a população estar envelhecendo rapidamente, ainda há muito preconceito contra as grisalhas.
“Os fios prateados tendem a ser ásperos e rebeldes e têm o hábito de crescer para cima.” É uma das anotações que a escritora faz.
Ela também comenta: “Estou surpresa com quantas pessoas perguntam o que meu marido pensa do meu cabelo. Ninguém pergunta o que penso do dele.”
Leia o artigo completo de Elisabeth Egan para o The New York Times, traduzido e publicado por O Globo:
Se os estilos de cabelo da sua juventude dependiam fortemente de presilhas, elásticos de primeira geração e tiaras com dentes venenosos, você provavelmente já tem alguns cabelos grisalhos. Junte-se ao clube. Notei minha primeira mecha branca aos 20 anos, depois pintei meu cabelo de castanho escuro, em um cronograma cada vez mais apertado, por um quarto de século. Seis meses atrás, percebi que era como um homem que tenta esconder a careca com a franja — tipo, eu não estava enganando ninguém — então parei de repente.
Na verdade, não foi tão fácil e alegre. Eu hesitei, agonizei e entediei todos em minha órbita com maquinações próprias de um astronauta se preparando para pousar na Lua.
Eu conhecia as vantagens de pintar meu cabelo. E entendia as vantagens de deixar isso pra lá. O que eu não conseguia entender era o processo de crescimento. Eu realmente deveria andar por aí parecendo uma montanha coberta de neve por dois anos?
Felizmente, existem centenas de contas no Instagram dedicadas a mulheres que assumem os brancos — que parecem ser muito mais hábeis com tranças e filtros do que eu. Apreciei a inspiração, mas queria saber o que se passava na cabeça dessas mulheres.
Aqui está o que está acontecendo dentro da minha:
- Não me sinto tão liberada desde que tirei minha carteira de motorista.
- O cabelo cresce muito, muito devagar.
- Os fios prateados tendem a ser ásperos e rebeldes e têm o hábito de crescer para cima.
- O dinheiro que economizo com coloração foi reinvestido em tiaras, chapéus, condicionador sem enxágue, xampu azul e um tratamento de queratina.
- Estou surpresa com quantas pessoas perguntam o que meu marido pensa do meu cabelo. Ninguém pergunta o que penso do dele.
- Minhas filhas me apoiam benevolentemente, mas prolongam a última sílaba de seus elogios de uma forma que me deixa desconfiada: “Você está lindaaaaa!” e “O cinza é incrível!”. Duvido que elas passem no polígrafo.
- Alguns amigos dizem: “Uau! Você está realmente fazendo isso!” Tradução: Não sou fã, mas sou educado demais para dizer isso.
- Pior ainda: quando os olhos se desviam para a linha do cabelo e nenhum comentário surge.
- Homens carecas são os melhores. Eles entendem.
- Seis meses depois, vou à festa de aniversário de um amigo. Na manhã seguinte, nosso anfitrião envia uma selfie em grupo junto com os artigos que discutimos, um pedido de desculpas por sermos tão negativos em relação aos irmãos Menendez e uma breve reflexão sobre a sorte que temos por nos conhecermos há quase 20 anos. Resisto à vontade de dar zoom no meu cabelo.
- “Você pensou em deixar crescer durante a pandemia?” “Eu não estava pronta.””Você já pensou em cortar o cabelo curtinho?”.
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- Eu costumava reclamar de ser invisível. Agora, dois dias depois do check in, a recepcionista do hotel pergunta como estou aproveitando meu quarto em um andar alto e o mais longe possível do elevador. Quando eu digo: “Não acredito que você se lembra…”, ela dá um tapinha na linha do cabelo.
- Normalmente eu mando mensagens para as pessoas antes de vê-las: “Só para você saber, meu cabelo está bizarro”. Um dia eu esqueço e uma amiga distante emerge da esteira de bagagens com seu próprio crescimento grisalho. Nós explodimos em gargalhadas.
- Um garçom em uma pizzaria de forno de tijolos diz: “Cabelo legal”. Quase choro de gratidão.
- Agora que não preciso me preocupar com o sal ou o cloro estragando minha tintura, lembro o quanto adoro nadar.
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- Você não precisa esperar até atingir o pico de condicionamento físico. Você não precisa usar batom extravagante. Você não precisa explicar por que decidiu não mexer no cabelo que está crescendo em sua cabeça. Você não precisa amar sua aparência. Você não precisa poupar a vista das pessoas.
- Você sempre pode mudar de ideia. Eu poderia!
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