Maya Santana, 50emais
Concordo inteiramente com o que diz o educador e filósofo Mário Sérgio Cortela neste artigo de Vivian Ortiz, do Uol, embora considere difícil não ter receio da morte. Afinal, é o nosso desaparecimento – para sempre. Mas acho também que não se deve passar o tempo pensando na morte, mesmo sendo ela a única certeza da vida. Ao contrário, temos que pensar em viver plenamente, buscando um propósito e tirando o melhor do existir. Até porque tudo passa tão depressa. Quando a gente se assusta, já cruzou os 60.
Leia o que diz o filósofo:
Se existe algo que todo mundo sabe é que, uma hora ou outra, vamos morrer. Mas, apesar de este ser um fato inerente à vida, ter ciência dessa informação não é algo que necessariamente nos leva a aceitar bem a morte. Mas, de acordo com o educador e filósofo Mario Sérgio Cortella, nosso medo não deve ser de morrer: “Mas sim de uma vida inútil, fútil e desperdiçada”.
O filósofo ainda lembra que, apesar de estarmos vivendo cada vez por mais tempo (já que a expectativa de vida só tem aumentado), precisamos refletir se estamos fazendo isso bem. “Muitas pessoas entendem a vida como sendo um processo em que você parte de uma condição menos estruturada (quando criança), chega a um momento de ápice (na fase adulto) e depois vem o declínio da velhice. E não é isso”, acredita.
Cortella ressalta, inclusive, que o conceito de “ser idoso” é diferente de ser uma pessoa velha. “Ser idoso é uma questão de idade física, mas a velhice, sendo uma degradação da vitalidade, pode ocorrer em qualquer idade”, ressalta o filósofo. Existem pessoas que perdem sua vitalidade aos 10 anos de idade, como também com 20 ou 80 anos, isso independe da idade física.
E cita exemplos: “O [economista] Paul Singer tinha 86 anos e continuava produzindo. Velho jamais. O [arquiteto] Oscar Niemeyer tinha 104 anos quando morreu, mas estava com um projeto na prancheta. Dizer que eles eram velhos é não entender o significado dos tempos de vida”, avalia.
Pagar mais para ter mais
Cortella avalia que envelhecer bem é uma questão individual, sim, mas também de saúde pública. Isso porque, segundo ele, são as políticas governamentais que têm a responsabilidade de dar maior condição de vitalidade e cuidados com a saúde para a população. “Esse é o impasse que países mais jovens, como o nosso, têm. Não criamos mecanismos, inclusive de arrecadação tributária, que sejam capazes de sustentar políticas voltadas tanto para jovens quanto para idosos.”
Segundo ele, isso exige uma mudança no perfil de tributação nacional. Ou seja: seria necessário pagar impostos mais altos, justamente para ter dinheiro em caixa. E cita como exemplo os países escandinavos, como a Dinamarca, onde a tributação chega a cerca de 55% da renda do indivíduo, de maneira que possa haver investimentos sociais e na área da saúde.
“No Brasil, lembra ele, não temos essa tradição, pois achamos que a nossa forma de pagamento de impostos é mal utilizada, além de se perder muito com corrupção. Só que sem dinheiro, é complicado investir em uma rede de saúde e bem estar melhor”, afirma. “Mas existem nações que já lidaram com isso e acho que faremos o mesmo um dia.” Clique aqui para ler mais.