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A música brasileira perdeu na manhã desta quarta-feira(9) um de seus maiores nomes: Gal Costa morreu, de causas ainda não divulgadas, em São Paulo, onde tinha uma casa, na região dos Jardins.
Notícia tão triste e inesperada causa profundo abalo. Crescemos ouvindo a voz aguda e única da baiana que integrou um de nossos quartetos mais amados, ao lado de Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto, os inesquecíveis Doces Bárbaros.
Logo que a notícia do desaparecimento repentino da cantora foi divulgada, uma amiga me ligou esbaforida: Gal Costa morreu, repetia ela, ainda sem acreditar.
Leia o texto divulgado pelo portal G1, assim que chegou a informação:
Gal Costa morreu aos 77 anos. A informação foi confirmada pela assessoria da cantora. Ela havia dado uma pausa em shows, após passar por uma cirurgia para retirar um nódulo na fossa nasal direita.
Para relembrar:
Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em 26 de setembro de 1945 em Salvador e foi uma das maiores cantoras da história da música brasileira.
Ela estava em turnê com o show “As várias pontas de uma estrela”, no qual revisitava grandes sucessos dos anos 80 do cancioneiro popular da MPB. “Açaí”, “Nada mais”, “Sorte” e “Lua de mel” são algumas das músicas do repertório.
Bem recebido pelo público e pela crítica, esse show fez com que a agenda de Gal ficasse agitada após a pandemia. A estreia aconteceu em São Paulo, em outubro do ano passado.
Além de rodar o Brasil, Gal entrou na programação de vários festivais e ainda tinha uma turnê na Europa prevista para novembro, mas que também foi cancelada por conta da cirurgia.
Quem era Gal Costa
Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em 26 de setembro de 1945, em Salvador. Ainda menina, nos anos 1960, todos a conheciam como Gracinha, dona de uma voz suave e afinada. Um dia, ela encontrou o mito da bossa nova, João Gilberto, que ao ouvi-la terá dito: “Você é a maior cantora do Brasil.”
Rebatizada de Gal Costa, ela não demoraria a confirmar a profecia de João: do começo na bossa, Gal adentrou o Tropicalismo ao lado de Caetano Veloso e Gilberto Gil, seguiu pelos caminhos da MPB e do pop, e se estabeleceu como uma das maiores vozes femininas em um país de enormes vozes femininas.
Consagrada por sua interpretação cristalina, que pôs a serviço dos maiores compositores da música brasileira (Dorival Caymmi, Ary Barrroso e Tom Jobim mereceram dela álbuns inteiros), Gal Costa também se destacou como um ícone da revolução comportamental.
Em poucos anos, a cantora que estreara em LP em 1967 (com “Domingo”, ao lado de Caetano Veloso), ainda bossanovista e comportada, soltou voz e cabelos, aderiu às guitarras elétricas e adotou o ideário hippie na areias de Ipanema, nas Dunas do Barato, que em 1971 passaram a ser conhecidas como as Dunas da Gal.
Começo em Salvador
Ao lado de Caetano, Gil, Maria Bethânia e Tom Zé, seus colegas de Salvador, Gal estreou em 1964 o espetáculo “Nós, por exemplo…”, que inaugurou o Teatro Vila Velha. Logo, ela estava indo para o Rio, nos passos de Bethânia, que em 1965 assumiu o posto de Nara Leão no musical “Opinião”. A primeira gravação em disco se deu naquele ano, no LP de estreia da irmã de Caetano, no duo “Sol negro”, de Caetano. Em seguida, Gal gravou o primeiro compacto, com “Eu vim da Bahia” (de Gil) e “Sim, foi você” (de Caetano).