50emais
Uma história bonita, estimulante, da cuidadora Madalena Lúcio que, aos 72 anos, deu uma sacudida na vida e se tornou uma outra mulher, muito mais saudável, cheia de energia e disposição para enfrentar seus dias, que começam sempre às 3 horas da manhã
Tudo teve início quando Madalena, então pesando apenas 38 quilos, descobriu que sua magreza não era natural: foi diagnosticada com sarcopenia, doença que reduz drasticamente a força e a massa muscular.
Com ajuda de uma nutricionista, ela mudou totalmente a sua alimentação e passou a ter uma rotina diária de exercícios, iniciada no meio da madrugada, quando a maioria das pessoas ainda dormem.
“Agora, um ano e cinco meses desde que comecei, já ganhei 10 quilos, com massa muscular de sobra. Hoje em dia, tenho força, pego peso, tenho agilidade nas pernas, ando bem. Já não tenho corpo curvado,”diz Madalena, orgulhosa de sua nova forma física.
Leia o depoimento dado pela cuidadora ao jornal O Globo:
Aos 73 anos, a mineira Madalena Lúcio acorda de segunda à sexta-feira, faça chuva, faça sol, às 3 da manhã para ir à academia levantar peso. O objetivo? Ter saúde e viver “até os 130”, de acordo com ela. A rotina teve início quando sua filha notou que ela havia perdido peso em excesso.
No ano de 2022, Madalena, que tem 1,59m de altura, pesava apenas 38 quilos. O motivo era uma doença chamada sarcopenia. A condição, que acomete até 13% de pessoas entre 60 e 70 anos e até 50% dos idosos acima dos 80, se caracteriza pela redução extrema da força e massa muscular, podendo comprometer a capacidade física.
Desde então, Madalena, que trabalhava como cuidadora, introduziu na rotina a atividade física e uma alimentação voltada para seu desempenho. Os momentos passaram a ser recentemente registrados e divulgados nas redes por ela — um dos seus vídeos chegou a 3 milhões de visualizações. O compartilhamento dos novos hábitos teve tamanho sucesso que hoje ela se dedica totalmente à divulgação da sua vida saudável.
A seguir, o depoimento de Madalena ao GLOBO.
“Nasci e cresci na cidade de Araxá, no Triângulo Mineiro. Minha mãe era dona de casa, meu pai era açougueiro. Fui a sétima de oito filhos, mas não fui paparicada. Os dois me criaram para ganhar a vida, para a sobrevivência com trabalho. Ninguém à minha volta deu bola para o exercício físico, muito menos eu. Jamais tivemos essa cultura.
Aos 72 anos, minha vida mudou por completo. Trabalhava então como cuidadora, quando um dos meus irmãos me achou magra demais. Não liguei, achava natural, nunca fui de comer muito. Mas ele contou para minha filha, Rosângela, que é engenheira química e mora em Florianópolis. Ao ficar sabendo, ela veio imediatamente para Araxá me ver. Bateu o olho em mim e se impressionou. Eu estava pesando 38 quilos.
Leia também: Aos 64, ela já viajou por 64 países e ensina como economizar
Me levaram ao médico, que deu o diagnóstico: sarcopenia, uma condição que acomete muitos idosos que deixa a musculatura fraca, flácida, o que pode comprometer a mobilidade. Aí me assustei, porque como cuidadora já tinha acompanhado uma pessoa com o mesmo problema e vi de perto como não ia ter jeito para reverter.
Passei então a ser acompanhada por uma nutricionista, que me indicou uma alimentação específica para recuperar as calorias. Ela também recomendou que eu começasse a ir para a academia. Mais uma vez, isso nunca tinha me passado pela cabeça. Para mim, esses lugares eram ambientes para jovens.
Mas não tive opção, não adiantava dizer que não ia. Era uma necessidade. Ou começava ou começava. Me dei conta que na idade que estou as decisões têm que ser rápidas. Mais um ano com isso e sem fazer nada poderia me destruir. Quantas pessoas em volta que de uma hora para outra passam a andar de muletas!
Fui aos poucos me adaptando. Confesso que no início estava apreensiva. Meu corpo estava flácido. Cheguei a acreditar que não ia conseguir. Era um mundo novo. Tinha dificuldade em executar os exercícios, me faltava coordenação e alongamento.
Hoje levanto às 3 horas da manhã todos os dias durante a semana, tomo um copo com água, depois uma mistura de café sem açúcar, açafrão e óleo de coco. Consumo três ovos cozidos e mais um pouco de café. Vou à academia a pé sempre que posso. São 8 quilômetros ida e volta.
Passei a ter ajuda de um personal para montar meus treinos. Já consigo levantar no braço cerca de 8 quilos em cada lado no supino, e 10 quilos no agachamento. Nas pernas eu tenho mais dificuldade, mas geralmente não pulo nenhum exercício. Já consegui fazer 40 quilos nas pernas, com 20 de cada lado.
Na volta, bato whey com leite vegetal, de linhaça ou amêndoas com uma fruta. Consumo 3 miligramas de creatina por dia e um scoop de colágeno. À tarde, mais uma dose de whey. Sinto agora que se não estivesse na academia, estaria mal. Ganhei uma disposição incrível. Hoje me sinto tão bem.
Se perguntarem a minha idade eu falo que tenho 73, claro. Não vou mentir. Mas quando me olho no espelho me vejo com 35. Passei a ter muita coordenação do corpo, tenho agilidade. Até na minha mente a atividade física impactou, faço conta de cabeça. Vou ao banco e resolvo minha vida. Tenho aplicativo no meu celular. Ganhei independência. Tem pessoas com 55 anos em uma situação ruim. Eu com 73 não sinto nada. Estou bem de corpo e alma. Vejo que as pessoas me admiram na academia.
Leia também: Há quem não goste, mas precisamos beber água
Minha alimentação é bem simples, não gosto de nada muito sofisticado, faço quatro refeições por dia. Não como glúten nem lactose, embutidos e refrigerantes não. Gosto de arroz, muito feijão, peixe e ovos. Adoro. Gosto muito de comidas não convencionais para muita gente, como taioba, caiabu de porco, folha de açafrão.
Segunda-feira treino quadríceps, na terça, peito, na quarta eu faço glúteos, na quinta, costas, e na sexta, posteriores. Só não vou à academia sábado nem domingo, tiro esses dias para fazer minhas compras e passear. Quero viver até os 130 anos. Mas o amanhã pertence a Deus. Estou vivendo o hoje, aqui e agora. Meu momento é esse. Não penso em doença, nem em morte.
Agora, um ano e cinco meses desde que comecei, já ganhei 10 quilos, com massa muscular de sobra. Só tenho uma única falta na academia registrada durante todo esse tempo. Hoje em dia tenho força, pego peso, tenho agilidade nas pernas, ando bem. Já não tenho corpo curvado, o meu já está bem erguido.
O novo estilo de vida mudou minha vida de uma maneira que deixei a profissão de cuidadora para me dedicar à divulgação dos meus treinos e minha alimentação. Quem diria que eu faria sucesso nas redes! Virou o meu sustento de tanta gente que se interessou por mim!
Leia também: Ela é a “mãe do GPS”, tecnologia que mudou o mundo
Quero incentivar cada um de vocês, independentemente da idade, a buscar uma vida mais saudável e ativa. Nunca é tarde demais para começar a transformar seu corpo e sua mente. A academia se tornou meu refúgio, um lugar onde descobri minha força e supero meus limites.”
*Em relato à repórter Raquel Pereira.