50emais
Uma lista contendo nove hábitos que não ajudam não só o cérebro, mas prejudicam a saúde de uma maneira geral.
Especialista explica que, “as circunstâncias que temos de enfrentar e o ambiente que nos rodeia condicionam a nossa saúde e nos levam a criar rotinas que, por vezes e sem perceber, nos prejudicam.”
Entre os hábitos citados estão, além do excesso de bebida alcoólica, a falta de exercício físico, a falta de descanso, uma rotina que faz você correr o dia inteiro e outras, que voce vai ler neste artigo de Melanie Shulman para o jornal argentino La Nacion, reproduzido por O Globo.
Leia:
Não há dúvidas de que uma alimentação saudável seja fundamental para proteger o sistema gastrointestinal e que o exercício regular garante a saúde física. No entanto, o cérebro também precisa ser cuidado todos os dias para evitar a sua gradativa deterioração. Para isso, a escolha de um estilo de vida saudável é fundamental.
— O cérebro é um órgão vital que recebe e processa informações do ambiente que nos rodeia através da visão, audição, equilíbrio, olfato, paladar e sensibilidade. Além disso, é responsável por controlar os movimentos, a fala, a inteligência, a memória e as emoções — afirma Alejandro Andersson, neurologista e diretor do Instituto de Neurologia de Buenos Aires.
Estima-se que ele consome 25% do oxigênio que entra no corpo, sendo também um dos órgãos que mais demanda sangue no organismo, junto com o coração, os rins e os pulmões, explica Gabriel Lapman, cardiologista e autor do livro “Más zapatillas, menos pastillas: La mejor receta para una vida saludable” (Mais tênis, menos comprimidos: A melhor receita para uma vida saudável, traduzido do espanhol).
— No entanto, as circunstâncias que temos de enfrentar e o ambiente que nos rodeia condicionam a nossa saúde e nos levam a criar rotinas que, por vezes e sem perceber, nos prejudicam — Lapman ressalta.
De acordo com um relatório do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, esse problema se agrava quando os hábitos nocivos que foram desenvolvidos causam prazer, o que os torna mais difíceis de serem erradicados. O documento sugere que, para combatê-los, é importante compreender como surgiram e como afetam o funcionamento do organismo para, então, deixá-los para trás e criar novas práticas que favorecem a busca pela qualidade de vida.
Leia também: USP desenvolve forma de reverter perda de músculos em idosos
Hábitos que prejudicam o cérebro
Os especialistas consultados concordam que, se o cérebro não for devidamente cuidado, podem surgir doenças como acidentes vasculares cerebrais e outras condições que debilitam a capacidade cognitiva, a memória e a aprendizagem. Diante dessa constatação, saiba a seguir nove hábitos listados por eles que ameaçam a vitalidade do cérebro:
1) Estar a mil o dia todo
O estresse é um gatilho que, além de reduzir a capacidade mental, gera ansiedade e não permite a conexão com o momento presente, advertem especialistas. Nesse sentido, um relatório da Universidade de Harvard afirma que o estresse crônico afeta diretamente o córtex pré-frontal, área responsável pela memória e pelo aprendizado. Para enfrentar essa questão, é recomendado recorrer a exercícios de respiração, que desenvolvem a calma, a tranquilidade e a habilidade de pensar com clareza.
2) Ser sedentário
A atividade física regular estimula a função cerebral e libera hormônios como dopamina e endorfinas, que geram felicidade. Por outro lado, uma publicação da revista Harvard Health Publishing dá destaque para um estudo que relaciona o sedentarismo com alterações na área da memória. Depois de estudar o lobo temporal medial, onde são produzidas as novas memórias, em pessoas entre 45 e 75 anos, os pesquisadores perceberam que quem ficava sentado por mais tempo tinham mais falhas nessa região em comparação com aqueles se exercitavam regularmente.
‘Queimação nas partes íntimas’: Britânica é diagnosticada com distúrbio que a deixa excitada o tempo todo
Após a análise, eles concluíram que quanto maior o nível de sedentarismo, maior o risco de demência e patologias cognitivas. É por isso que Andersson sugere praticar qualquer tipo de atividade física entre três e cinco vezes por semana. — Quando alguém está em boas condições físicas, a incidência de distúrbios de memória é reduzida em 50% — acrescenta ele.
3) Fazer jejum intermitente
Para Lapman, embora o jejum intermitente seja uma prática que recentemente se tornou uma tendência, ele acredita que não há evidências suficientes de que essa prática seja eficaz. — É preciso dar energia ao cérebro para começar o dia e isso se consegue com o café da manhã, por meio da ingestão de nutrientes de qualidade — ele alerta.
Caso isso não aconteça, Andersson comenta que o paciente terá que procurar energia de outra forma— Nesses casos o corpo vai começar usando sua reserva de glicogênio, depois vai consumir gorduras e depois proteínas. Dessa forma, será gerado um desequilíbrio hormonal com possibilidade de desenvolver diabetes, obesidade e colesterol — esclarece o especialista.
Leia também: Excesso de açúcar prejudica a memória
4) Comer muito açúcar
Alimentos e bebidas com excesso de açúcar geram dependência e estimulam a atividade cerebral, pois proporcionam a sensação de bem-estar, sugere Lapman. — Porém, isso está relacionado a uma armadilha do prazer, porque seu excesso também está ligado ao desenvolvimento de diversas doenças crônicas, como a diabetes — acrescenta Andersson.
5) Isolar-se da vida social
Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Harvard descobriu que a solidão e a depressão estão relacionadas ao risco de Alzheimer e ao declínio cognitivo. Aqueles que não são socialmente ativos tendem a perder massa cinzenta, que é a camada do cérebro que processa as informações, de acordo com o estudo.
6) Descansar mal
Pesquisadores da Clínica Mayo, uma organização nos Estados Unidos sem fins lucrativos que fornece informações médicas e científicas, sugerem que para um sono reparador um adulto deve dormir pelo menos sete horas por dia. Nesse sentido, Lapman destaca a importância de um bom descanso, visto que é um momento em que são eliminadas as substâncias nocivas que se acumulam durante o dia no corpo, fenômeno denominado por ele como “limpeza metabólica”.
7) Beber muito álcool
As bebidas alcoólicas, segundo Andersson, afetam os neurônios porque prejudicam as extensões e ramificações do cérebro, reduzindo a velocidade com que os impulsos nervosos são transmitidos. Apesar dessa constatação, dados do Ministério da Saúde apontam um aumento do consumo abusivo de álcool no Brasil de 18,4% para 20,8% entre 2021 e 2023. Entre pessoas do sexo masculino, o crescimento é ainda maior: os números indicam um crescimento de 25% para 27,3% nesse período. Já entre as mulheres, o percentual variou de 12,7% para 15,2%.
8) Fumar
Quando uma pessoa fuma, a massa cinzenta do cérebro e a quantidade de oxigênio que chega até ela também são reduzidas, alerta Lapman. Por sua vez, Andersson comenta que essa prática gera uma maior predisposição para sofrer de aterosclerose, condição em que as paredes das artérias ficam obstruídas e o fluxo sanguíneo é dificultado. De acordo com ele, isso faz com que a pessoa fique propensa a sofrer falta de energia, que também pode proporcionar dificuldades de aprendizado e compreensão.
9) Comer alimentos ultraprocessados
Uma dieta baseada em gorduras saturadas e alimentos ultraprocessados, dizem os especialistas, também obstrui as artérias e gera desconforto físico e mental.— Embora no início a ingestão desses produtos possa gerar prazer, com o tempo aparecem a culpa e o arrependimento — comenta Lapman.
Leia também: Por que, no fim da vida, pessoas veem entes queridos mortos há anos?
Ele sugere que seus pacientes optem por alimentos de alto valor nutricional, que contenham vitaminas, minerais, gorduras saudáveis e, principalmente, proteínas, compostas por diversos aminoácidos essenciais que colaboram na formação dos tecidos. Nesse sentido, ele indica que seja priorizado o consumo de nozes e frutas vermelhas, peixes, abacate e todos os tipos de frutas e vegetais.
Para deixar para trás hábitos que não fazem bem, o Instituto Nacional de Saúde recomenda eliminar situações e objetos que possam causar tentação, como cigarros, bebidas alcoólicas ou alimentos prejudiciais. Nesse sentido, especialistas também incentivam que as pessoas a se dediquem a hobbies e atividades de interesse pessoal e a trabalharem a capacidade de dizer “não” quando não querem mais algo em suas vidas.