50emais
Quando a gente lê estes números fica se perguntando se o que está acontecendo no Brasil não é uma epidemia de estupros. Uma mulher é estuprada no país a cada oito minutos. Isso é um absurdo!
Foram 34 mil casos registrados só no primeiro semestre deste ano. Especilistas dizem os números são ainda maiores, porque muitos dos casos, principalmente envolvendo familiares, não são notificados.
Houve aumento de casos em todas as regiões, principalmente na região sul, pois houve uma explosão de casos em Santa Catarina.
O mais tenebroso nestas estatísticas é que “74,5% dos casos registrados foram de estupro de vulnerável, ou seja, vítimas com menos de 14 anos ou incapazes de consentir (por enfermidade, deficiência mental ou outra causa que não pode oferecer resistência).” E é praticado por gente próxima das vítimas.
O mais preocupante é que o número de casos só aumenta.
Leia o artigo de Carolina Brasil para O Globo:
Foram registrados 34 mil casos de estupro de meninas e mulheres no Brasil no primeiro semestre de 2023. Isso significa que a cada oito minutos uma mulher foi estuprada entre janeiro e junho, um crescimento de 14,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado nesta semana.
De acordo com o relatório, o país registrou aumento dos casos de estupro em todas as regiões. A maior variação ocorreu no Sul, onde os casos aumentaram 103,9% no estado de Santa Catarina. O número de ocorrências passou de 1.024, no primeiro semestre de 2022, para 2.088 no ano seguinte.
Leia também: Mulheres que trabalham, mas ninguém valoriza o que fazem
Atrás de Santa Catarina, ficaram Rio Grande Norte e Rondônia, com um aumento de 57% e 54,4 % nos casos, respectivamente. No Rio de Janeiro, a variação foi de apenas 0,2%, enquanto em São Paulo foi de 0,3%. A maior queda foi em Mato Grosso, estado que apresentou variação negativa de 25%, de 885 casos em 2022 para 664 no ano seguinte.
Os dados correspondem aos registros de boletins de ocorrência em delegacias de Polícia Civil de todo o país. Segundo o fórum, os números podem ser ainda maiores dada a subnotificação de casos de violência sexual. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) estimou que apenas 8,5% dos estupros no Brasil são registrados pelas polícias e 4,2% pelos sistemas de informação da saúde.
Agressores são próximos da vítima
Nos boletins de ocorrência, 74,5% dos casos registrados foram de estupro de vulnerável, ou seja, vítimas com menos de 14 anos ou incapazes de consentir (por enfermidade, deficiência mental ou outra causa que não pode oferecer resistência).
Leia também: Doenças típicas de mulheres são menos estudadas
Em 2022, a maioria das vítimas, 88,7%, eram do sexo feminino, e 56,8% eram negras. Desse total, mais da metade delas tinham entre 0 e 13 anos de idade, e 8 em cada 10 tinham menos de 18 anos.
Quando analisado o vínculo entre vítima e autor, o estudo verificou que os agressores geralmente são conhecidos das vítimas. Entre as crianças de 0 a 13 anos, 86,1% dos criminosos eram, na maioria, familiares como avôs, padrastos e tios.
A publicação do FBSP, intitulada ‘Visível e Invisível: a vitimização das mulheres no Brasil, faz referência ao dia 25 de novembro, reconhecido como o Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Além dos casos de estupro, o relatório também apresenta dados recentes de feminicídios, homicídios femininos e estupros de vulnerável no primeiro semestre deste ano.
Leia também: Alexandre Kalache: No Brasil, “o velho é sempre o outro”
Variação de casos de estupro entre os primeiros semestres de 2022 e 2023:
Acre: -20,3%
Alagoas: 1,7%
Amapá: -9,8%
Amazonas: -12,3%
Bahia: 19%
Ceará: 22,3%
Distrito Federal: 40,4%
Espírito Santo: 16,3%
Goiás: 11,7%
Maranhão: -2,3%
Mato Grosso: -25%
Mato Grosso do Sul: 34,7%
Minas Gerais: 21,1%
Pará: 44,8%
Paraíba: -1,3%
Paraná: 19,6%
Pernambuco: 3,3%
Piauí: 11,1%
Rio de Janeiro: 0,2%
Rio Grande do Norte: 57%
Rio Grande do Sul: 11%
Rondônia: 54,4%
Roraima: -17,9%
Santa Catarina: 103,9%
São Paulo: 0,3%
Sergipe: 23,7%
Tocantins: 46,7%