Uma visão geral de como o mundo e o Brasil vão envelhecendo rapidamente, a ponto da gente poder dizer, como afirma o autor deste artigo publicado pelo Estadão, Luis Eduardo Assis, que o futuro pertence aos velhos e velhas do mundo.
Países como o Japão, que tem a população mais envelhecida do planeta, já vende mais fraldas geriátricas do que infantis. Isso diz tudo.
O Brasil, sempre visto como país jovem, caminha celeremente para se tornar um dos mais envelhecidos. Em 1980, 38,2% da população brasileira era de jovens com menos de 14 anos, e os idosos com mais de 65 anos representavam apenas 4% do total.
O censo de 2022 mostrou que a proporção de jovens caiu para 19,8%, 40,2 milhões, enquanto os mais velhos compunham 10,9%, 22,1 milhões de pessoas. Menos de dois jovens para cada idoso.
É preocupante, porque, ao contrário de países, como Estados Unidos, França, Grã=Bretanha e outros, o Brasil envelhece ante de ficar rico.
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O envelhecimento da população talvez seja o fato mais notável dos tempos recentes. Em 1900, antes de ontem, a expectativa de vida ao nascer no mundo era de 32 anos (Our World in Data). A mesma de um chimpanzé. Passou para 46,5 anos em 1950 e 71,7 anos em 2022. Vai continuar subindo, dizem os modelos, e deve atingir 77,3 anos em 2050 (United Nations Population Division). O futuro é dos velhos.
Mas, como os velhos têm o péssimo hábito de morrer, a ONU prevê que em 2050 pelo menos 55 países terão uma população menor do que tinham em 2019 (“Esse tique-taque dos relógios é a máquina de costura do tempo a fabricar mortalhas”, já dizia Mário Quintana).
No Brasil, é quase igual. Em 1980, 38,2% da população brasileira era de jovens com menos de 14 anos, ao passo que os idosos com mais de 65 anos representavam apenas 4% do contingente total. Em números absolutos, tínhamos 46,7 milhões de jovens e 4,9 milhões de idosos, quase dez jovens para cada idoso.
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Em 2022, o quadro era outro. A proporção de jovens caiu para 19,8%, 40,2 milhões, enquanto os mais velhos compunham 10,9%, 22,1 milhões de pessoas. Menos de dois jovens para cada idoso. Mais impressionante: entre 2010 e 2022, o número absoluto de jovens caiu 13%.
São novos tempos, com novos problemas. Há países como o Japão, por exemplo, onde a venda de fraldas geriátricas já supera a venda de fraldas infantis. Em países do norte da Europa é cada vez mais comum que famílias mantenham seus idosos em instituições especializadas na Tailândia, onde os custos são menores (estamos preparados para exportar nossos velhos para a Bolívia?).
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A queda na criminalidade é, por outro lado, um efeito colateral positivo nos países que envelheceram (43% da população carcerária no Brasil tem entre 18 e 29 anos). Também será inevitável entre nós o aumento dos gastos públicos com Previdência e saúde.
Teremos, por outro lado, menor pressão dos gastos com educação fundamental, já que a população em idade escolar diminui. Isso tudo mostra a incongruência da volta da vinculação de gastos nesses dois grandes itens do Orçamento federal. Igualmente, é urgente discutirmos a desvinculação das aposentadorias do salário mínimo, bem como a equiparação da idade de aposentadoria entre homens e mulheres, a despeito da ojeriza que esses temas provocam no governo petista.
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A diferença entre nós é que o Brasil envelheceu antes de ficar rico, o que torna tudo mais difícil. Tudo é novo nesse mundo de velhos. Novos tempos exigem novos paradigmas. Em um mundo onde vivem cada vez menos jovens é imprescindível nos livrarmos de ideias velhas – eis a ironia do nosso tempo.