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Só quem sente as ondas de calor que chegam com a menopausa pode dizer o qual são desagradáveis.
Embora pesquisas mostrem que 75% das mulheres sofrem com os chamados fogachos, até hoje não há estudos sobre o que realmente causa a elevação da temperatura do corpo nessa etapa da vida.
Medica ouvida neste artigo, explica que isso é fruto da pouca atenção e do baixo financiamento de pesquisas sobre “essa fase da vida das mulheres”.
Mas, sabe-se que há alimentos que ajudam a reduzir os fogachos, como a soja. Assim como há aqueles que pioram as ondas de calor, como dietas ricas em açúcar e gordura.
Leia o artigo do New York Times publicado por O Globo:
Para um fenômeno que afeta cerca de 75% das mulheres na menopausa, as ondas de calor ainda são surpreendentemente misteriosas, com pouco conhecimento sobre como funcionam ou o que fazer com elas.
— Não temos respostas exatas, apenas várias teorias e perguntas— afirma Arianna Sholes-Douglas, obstetra e ginecologista e autora de “The Menopause Myth: What Your Mother, Doctor and Friends Haven’t Shared About Life After 35” (O Mito da Menopausa: o que sua mãe, médico e amigas não te contaram sobre a vida após os 35, em tradução livre).
Com o declínio do estrogênio durante o período de transição para a menopausa, o termostato do corpo fica desregulado e, às vezes, registra a temperatura interna como mais quente do que realmente é. Na tentativa de se esfriar, o corpo desencadeia rapidamente transpiração e dilatação dos vasos sanguíneos.
Mas o que dá início a esse processo e por quê? Não está claro. Como as ondas de calor estão conectadas a outras questões de saúde, como problemas cognitivos e doenças cardiovasculares? Também nebuloso.
As opções de tratamento hoje são limitadas a hormônios e há apenas um medicamento não hormonal aprovado pela Food and Drug Administration (FDA, agência regulatória americana). Tudo isso, acrescenta Sholes-Douglas, “é um claro reflexo da escassa atenção e pouco financiamento dedicado à pesquisa médica para essa fase da vida das mulheres”.
Mas nas últimas duas décadas, os pesquisadores começaram a investigar outra fonte potencial de alívio: a dieta. A ideia decorre de estudos que descobriram que as ondas de calor diferem entre as culturas e podem ser uma experiência amplamente ocidental. Com isso em mente, os pesquisadores levantaram a hipótese de que fatores ambientais, como a dieta, podem desempenhar um papel nessa diferença.
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Mas muitos dos estudos sobre intervenções dietéticas são pequenos ou inconclusivos, alerta Stephanie Faubion, diretora médica da North American Menopause Society e diretora do Centro para Saúde da Mulher da Clínica Mayo.
E nos estudos que sugeriram que certos alimentos reduzem os fogachos, os mecanismos de trabalho não são totalmente compreendidos, acrescentou a médica. Ainda assim, não há mal nenhum em ajustar sua dieta para ver se isso pode ajudar a controlar suas ondas de calor, pondera Faubion.
Alimentos que ajudam
Produtos de soja, como tofu, contêm isoflavonas, que são substâncias químicas que podem se ligar aos receptores de estrogênio no corpo, disse Neal Barnard, professor adjunto de medicina na George Washington School of Medicine. Por esse motivo, ele acrescenta, a soja pode imitar o estrogênio. É um dos alimentos mais estudados em relação aos sintomas da menopausa, e há algumas evidências de que comê-lo pode estar associado a menos ondas de calor. Mas não está claro se é por causa da própria soja ou de outro mecanismo desconhecido.
Em um par de estudos recentes, Barnard e sua equipe selecionaram aleatoriamente 84 mulheres na pós-menopausa que relataram ondas de calor moderadas a graves para que adotassem uma dieta regular ou uma versão vegana com baixo teor de gordura e rica em grãos integrais, frutas e vegetais, incluindo uma xícara de soja cozida diariamente. Ondas de calor moderadas a graves diminuíram cerca de 80% em ambos os estudos.
— A ressalva é que foram essencialmente duas intervenções diferentes: as voluntárias estavam em uma dieta baseada em alimentos integrais e vegetais, que também tinham alto teor de soja — disse Faubion. — Então, que parte disso foi responsável por esses resultados? Não fazemos ideia.
As mulheres no estudo também acabaram perdendo peso, o que Faubion disse ser digno de nota porque alguns estudos mostraram uma correlação entre o aumento da gordura corporal e as ondas de calor, particularmente durante certos estágios da menopausa.