Quantos anos você gostaria de viver? Mais de 80? Mais de 90? Quer chegar aos 100? Se você é daquelas pessoas que desejam viver muito, cultivando sempre uma boa qualidade de vida, precisa se preparar. Precisa prestar muita atenção aos seus hábitos, não só em termos alimentares, mas no número de horas que dorme, no tipo de exercício físico que faz diariamente. Se fuma, é preciso parar o mais rápido possível. E há outros requisitos para se viver bem a velhice: é preciso fugir do pessimismo, não se isolar e se ocupar com alguma atividade que dê prazer.
Nesta reportagem de Renata Turbiani para o Uol, ela enumera os 10 passos que conduzem a uma vida de qualidade nessa que é a última etapa da nossa existência.
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No mundo todo, as pessoas estão vivendo mais, de acordo com o relatório anual Worth Health Statistics 2019, publicado pela ONU (Organização das Nações Unidas). No Brasil, o documento mostra que a expectativa de vida ao nascer passou de 69,9 para 75,1 anos entre 2000 e 2016, e a esperança de vida saudável ao nascer (número de anos que se espera viver em plena saúde) subiu de 61,5 para 66 anos.
Dados divulgados que acabam de ser divulgados pelo IBGE apontam que em 2018 a expectativa de vida do brasileiro subiu para 76,3 anos —3 meses a mais do que em 2017
Apesar de não existir uma receita ou fórmula mágica para a longevidade, a ciência tem mostrado que a adoção de determinados hábitos ao longo da vida contribui para frear, em partes, o processo de envelhecimento, aumentar os anos vividos e, de quebra, melhorar a saúde para poder aproveitá-los. Confira, a seguir, 10 deles.
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Pare de comer antes de ficar “cheio” – Ao pesquisar as regiões do planeta onde as populações vivem mais e melhor, o escritor e empresário norte-americano Dan Buettner verificou alguns denominadores comuns. Dentre eles está fazer refeições na medida certa, ou seja, não comer até ficar estufado, mas sim até se sentir satisfeito (quando o estômago estiver 80% cheio). Uma maneira de fazer isso sem continuar com fome é mastigar lentamente os alimentos, já que o cérebro demora 20 minutos, a partir da primeira garfada, para registrar a saciedade.
Além de evitar o ganho de peso e a obesidade, associados a diversas doenças, como infarto, AVC e diabetes, estudos têm demonstrado que reduzir o consumo calórico (desde isso que não cause desnutrição ou subnutrição e se mantenha o nível de ingestão de nutrientes) ajuda a desacelerar o processo de envelhecimento.
Por exemplo, uma pesquisa promovida pelo Centro de Pesquisas Biomédicas de Pennington (EUA) concluiu que cortar 15% das calorias diárias pelo período de dois anos já retarda o processo metabólico, tornado-o mais eficiente, diminui o dano oxidativo e protegendo o organismo contra doenças relacionadas à idade.
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Tenha uma vida social ativa – Conservar boas relações é outra atitude fundamental para viver mais tempo e com mais saúde. Já dizia o poema de John Donne, “nenhum homem é uma ilha, completa em si mesma; todo homem é um pedaço do continente, uma parte de um todo”, corroborando o fato de que o ser humano realmente não foi criado para ficar sozinho, isolado, e que precisa de outras pessoas para a sua sobrevivência.
De acordo com o Estudo de Desenvolvimento Adulto, realizado desde 1938 pela Universidade Harvard (EUA) e, atualmente, dirigido pelo psiquiatra Robert Waldinger, pessoas que interagem frequentemente com a família, os amigos e a comunidade são mais felizes, fisicamente mais saudáveis e vivem mais tempo do que as que têm menos ligações.
Ao mesmo tempo, cidadãos que vivem mais isolados do que gostariam, além de serem menos felizes, têm a saúde e a função cerebral diminuídas mais cedo, resultando em vidas mais curtas. Sobre essa mesma questão, um estudo da Universidade Brigham Young (EUA) apontou que o isolamento social e a solidão estão associados a um aumento de 30% no risco de morte prematura.
Cultivar amigos e ter relações familiares de qualidade, relatam os especialistas consultados pelo VivaBem, promove uma rotina mais saudável, faz as pessoas se cuidarem mais e ter uma rede de apoio. Ainda reduz o risco de doenças, inclusive as psiquiátricas, como depressão, e contribui para a melhora da memória.
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Não seja pessimista – As questões psicossociais que promovem o envelhecimento saudável ainda não são totalmente conhecidas. Porém, uma pesquisa feita em conjunto pela Escola de Medicina da Universidade de Boston, Escola de Saúde Pública Harvard T.H., Instituto de Cuidados de Saúde Harvard Pilgrim e Escola de Medicina da Universidade de Harvard, todos dos Estados Unidos, constatou que existe relação entre otimismo e longevidade excepcional (viver mais de 85 anos).
No estudo, que analisou mais de 71 mil homens e mulheres durante 30 anos (1986 a 2016) e 10 anos (2004 e 2014), respectivamente, os otimistas tiveram vidas de 11% a 15% mais longas dos que os pessimistas, além de possuírem chance 50% a 70% maior de atingir 85 anos. Os resultados não sofreram alteração mesmo levando em consideração fatores como condição socioeconômica, doenças crônicas, escolaridade, comportamentos de saúde e integração social.
Não está claro como exatamente o otimismo ajuda as pessoas a alcançarem uma vida mais longa. O que se acredita que é esse atributo psicológico, caracterizado como a expectativa geral de que coisas boas aconteçam ou a crença de que o futuro será favorável, está relacionado a controlar melhor as emoções e comportamentos, a se recuperar de maneira mais eficaz de situações estressoras e dificuldades e a ter hábitos mais saudáveis.
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Deixe de fumar (ou nunca comece, se ainda for possível) – O tabaco, segundo dados da OMS, mata mais de 8 milhões de pessoas a cada ano, sendo que pouco mais de 7 milhões são resultado do seu uso direto e cerca de 1,2 milhão de não fumantes expostos ao fumo passivo. E diversos estudos realizados ao redor do mundo comprovam que o hábito de fumar diminui, e muito, a expectativa de vida.
Pesquisa publicada no The New England Journal of Medicine analisou o histórico de 113.752 mulheres e 88.496 homens fumantes ou ex-fumantes com idade entre 25 e 79 anos, e a sua conclusão foi de que o tabagismo tira dez anos de vida de uma pessoa adulta.
A boa notícia é que dá para recuperar praticamente todo esse tempo ao abandonar o vício. O levantamento revelou que largar o cigarro entre 25 e 34 anos “devolve” os quase dez anos perdidos; entre 25 e 44 anos, nove anos; entre 45 e 54 anos, seis anos; e entre 55 e 64 anos, quatro anos.
Beba café moderadamente – Uma das bebidas preferidas dos brasileiros, o café também parece estar ligado ao aumento da longevidade. Um estudo conduzido pela USC (Universidade do Sul da Califórnia), dos Estados Unidos, informa que o seu consumo está associado a um menor risco de morte devido a doenças cardíacas, câncer, derrame, diabetes e problemas respiratórios e renais —e isso independe de ele ser com cafeína ou descafeinado.
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Realizado com 215 mil pessoas, o levantamento chegou à seguinte conclusão: quem consumiu uma xícara de café por dia durante o período de análise teve 12% menos probabilidade de morrer em comparação com quem não toma a bebida. Já quem ingeriu de duas a três xícaras por dia teve 18% menos risco de morte.
Ao que tudo indica, uma das principais razões para isso é a alta concentração de polifenóis presentes na bebida. Eles são antioxidantes —também presentes no vinho -, que geram efeitos benéficos contra o envelhecimento precoce por proteger o organismo da ação dos radicais livres.
Não se esqueça da vacinação – A vacinação é uma das medidas de saúde pública mais eficaz para prevenir doenças e, portanto, garantir uma vida mais saudável e longeva. Para se ter uma ideia, entre 1940 e 1998, a expectativa de vida ao nascer dos brasileiros aumentou em cerca de 30 anos graças à imunização.
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De acordo com dados da ONU, essa ação evita de 2 a 3 milhões de mortes ao ano por patologias como difteria, sarampo, coqueluche, poliomielite, rotavírus, pneumonia, diarreia, rubéola e tétano. Além de garantir proteção pessoal, as vacinas diminuem a circulação dos agentes etiológicos causadores, colaborando para que outras pessoas não sejam infectadas.
É importante destacar que o Calendário Nacional De Vacinação, do Ministério da Saúde, contempla não só as crianças, mas também adolescentes, adultos, idosos, gestantes e povos indígenas. Ao todo, estão disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde), 19 vacinas para mais de 20 doenças.
Viva com propósito – Ter um plano de vida ou um motivo para acordar todos os dias é mais um ponto importante para viver mais, segundo a ciência. Um dos estudos que comprovou isso foi conduzido por pesquisadores da University College London (Inglaterra), da Princeton University (EUA) e da Stony Brook University (EUA). Ao analisar 9.050 ingleses com idade média de 65 anos, durante oito anos e meio, a descoberta foi a seguinte: os que sentiam que aquilo que faziam realmente valia a pena tiveram 30% menos chances de morrer e viveram em, média, dois anos mais dos que os demais.
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A explicação é que os indivíduos que têm propósito, e não importa se é pessoal, familiar ou profissional, são mais motivados, felizes e possuem mais controle sobre suas emoções. Além disso, normalmente, levam uma vida mais saudável, apresentavam melhores índices metabólicos, têm o sistema imunológico mais fortalecido e melhor desempenho cerebral. Clique aqui para ler mais.