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Publicamos há poucos dias um artigo mostrando que é muito baixa a porcentagem de brasileiros que se prepara para a velhice. Agora, um outro dado: menos de um terço dos habitantes do país com mais de 60 anos se considera velha.
Essa constatação é de uma pesquisa, feita em todas as regiões do Brasil, sobre as consequências do etarismo – preconceito de idade – na nossa sociedade.
Esta mesma pesquisa revelou que apenas 18% dos entrevistados disseram se preparar financeiramente para o futuro.
Leia o artigo de O Globo:
Como a sociedade brasileira enxerga o processo de envelhecimento? Esse foi o ponto de partida para o estudo “Revolução da Longevidade”, realizado pela AlmapBBDO em parceria com a Qualibest e o Instituto Favela Diz, que buscou desvendar as consequências do etarismo em diferentes camadas sociais.
Antes de continuar o assunto, vale explicar o que é, afinal, o etarismo. Também chamado de ageísmo e de idadismo, a palavra se refere ao preconceito que as pessoas sofrem por causa da idade. No Brasil, país em que, diz a pesquisa, há obsessão pela juventude, esse tipo de discriminação atinge hoje 30 milhões de pessoas.
Se pensarmos que, em três décadas, seremos o sexto país do mundo com o maior número de idosos e que a população com mais de 60 anos deve dobrar, a tendência é essa marca alcançar números cada vez mais altos.
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Depois de ouvir 1.335 homens e mulheres com idades entre 18 e 85 anos e promover discussões em grupos intergeracionais, de todas as regiões do Brasil (300 deles moradores 50 + da comunidade de Paraisópolis, em São Paulo, e o restante das classes A, B e C), o estudo apontou que diversidade e inclusão social não são aplicados ao público idoso, em especial aqueles cuja imagem se aproxima ao estereótipo da idade.
No estudo quantitativo, as gerações mais jovens foram as que mais declararam medo de envelhecer. Para eles, envelhecer bem é “não parecer idoso”. Os mais vividos, no entanto, têm uma percepção bem diferente. A seu ver, descreve o levantamento, o envelhecimento saudável diz respeito a ter laços sociais bem estabelecidos, manter-se atual em relação ao mundo, cuidar da saúde mental e nunca deixar de lado o autocuidado.
Outra informação relevante é que praticamente metade das pessoas ouvidas pelos pesquisadores não se preocupou com questões relacionadas ao envelhecimento e, portanto, não se preparou para esse momento da vida. Em relação à longevidade financeira, um dado é preocupante: apenas 18% dos brasileiros dizem investir para o futuro.
Para o senso comum, falar da velhice é pensar em calmaria e afastamento da vida. Mas, já no início do estudo, a agência diz ter notado o contrário: falar sobre envelhecimento é falar de vida.
Economicamente ativos
De acordo com o Estatuto da Pessoa Idosa, os indivíduos são considerados idosos a partir dos 60 anos. Em muitas cidades, é nesse momento que eles começam a andar de transporte público gratuitamente, têm acesso a vagas de estacionamento especiais e prioridade nas filas de espera.
Entre os entrevistados desse grupo, porém, somente 30% declararam que se consideram idosos. As motivações para essa percepção passam por rugas, problemas de saúde, círculos sociais menores, falta de disposição, invisibilidade e pouca ou nenhuma identificação com a maioria das marcas disponíveis no mercado.
As declarações se confirmam em outros dados destacados na pesquisa. Segundo o levantamento, a cada ano, o público com mais de 60 anos movimenta US$ 22 trilhões na economia mundial, número esse que não para de crescer. Nove em cada dez idosos contribuem financeiramente para a família, 43% sendo os principais provedores. Continuam trabalhando após a aposentadoria 34% dos entrevistados, e 42% deles têm entre 60 e 70 anos.
No caminho oposto à falta de representatividade e à perda do protagonismo aos olhos da sociedade destacadas no estudo, esse público se mostrou cheio de desejo, coragem para se reinventar, dispostos a aproveitar a vida em sua plenitude e a deixar um legado.
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Variáveis como a condição socioeconômica, de gênero e raça mostraram diferença na maneira como cada um desses grupos envelhece. Há pontos, porém, que tocam a todos, cuja mudança está nas mãos da juventude: parar de ver os mais velhos como um peso e começar a se preparar para esse momento de envelhecer. Isso inclui a parte física, a mente, o espírito e o lado financeiro.