Gostei bastante deste texto de Priscila Citera, publicado no site Brasil Post. Eu me identifiquei com a autora no sentido de que não há ninguém de quem eu tenha mais saudade do que da minha mãe, que partiu em 17 de agosto de 2008, num domingo luminoso, pouco mais de um mês depois de ter completado 87 anos. Ficou mais do que saudade. Ficou a certeza de que com ela foi uma baita parte de mim.
Leia:
No ano 2000 eu comemorei o Dia das Mães pela última vez, e desde então, Maio é o pior mês pra mim. Dia 05 seria aniversário dela, depois vem o segundo domingo do mês (quando eu falo para todas as minhas amigas que existe sim uma coisa pior que não ter namorado no dia dos namorados), e no dia 26 de maio ela faleceu.
Há 16 anos eu não sou filha do jeito que só uma mãe sabe fazer uma filha se sentir. Um jeito que é bem diferente do jeito que o meu pai faz até hoje (graças a Deus), mas que infelizmente não substitui, não ocupa o espaço, não faz diminuir a dor. O colo é diferente, o olhar é diferente, o carinho, a forma de se mostrar preocupado ou orgulhoso, os conselhos e até os esporros são diferentes.
No mês de Maio dói mais – e muito!, mas eu sinto falta dela em situações tão diferentes, que é quase uma presença. Sinto falta dela quando eu canso de ser adulta e uma mulher forte e só queria colo, e sinto falta do sorriso e do abraço dela quando estou feliz e as coisas estão bem. Ela sorria tanto e era tão bem humorada, que mesmo tendo lutado 10 anos contra o câncer (contei aqui), eu só consigo lembrar dela sorrindo. E ó como era um sorriso lindo:
Nesses 16 anos, eu lamentei ela não estar por perto nos momentos felizes e nos mais tristes que eu vivi. Na minha formatura da faculdade, eu estava com o cordãozinho de ouro com o nome dela, e a minha vó chorou na minha frente pela primeira vez, quando viu. Quando eu casei, usei a parte de cima do meu vestido de 15 anos, que ela tinha feito, pra ela estar presente ali também. Quando dei a minha entrevista aqui no Superela, falei sobre ela ter sido minha inspiração e motivação maior na moda.
Mas é nas pequenas coisas que eu lembro dela e a homenageio, como nesse texto. E me sinto feliz, grata e honrada por tantas pessoas acharem tantas semelhanças em nós duas. Desde o modo de andar até a forma de fazer humor. No tempero da minha comida até a forma como eu fico mexendo no cabelo.
Desde 2000 eu não comemoro um dia das mães, e como eu não quero ter filhos, essa data nunca vai ter outro significado pra mim. Toda vez que algum amigo meu perde a mãe, eu tenho vontade de dizer que essa dor vai passar ou diminuir com o tempo, assim como eu queria falar isso pra você que está lendo esse texto agora, mas infelizmente, eu não posso. Os anos amenizam, mas não curam essa dor. Tem dia que eu paro pra pensar na quantidade de coisas que já vivi e ela não viu, que parece ter bem mais que 16 anos que ela se foi. Em outros dias, dói tanto que parece que ela foi embora ontem.
Mas se tem uma coisa que eu sempre falo para os meus amigos, e que preciso te dizer agora é: aproveite muito a sua mãe enquanto tem. Dê valor, carinho e amor pra ela. A minha mãe já brigou muito comigo, e até disso eu sinto falta, e você vai sentir também. Vai sentir falta de ter mãe, vai sentir falta de ser filha.