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A maioria de nós tem pelo menos uma história desagradável envolvendo motoristas de aplicativos. A autora deste artigo, jornalista Ruth Aquino, tem muitas, principalmente em relação à Uber.
Criada em 2009, na Califórnia, nos Estados Unidos, a Uber opera hoje em boa parte dos países. No Brasil, entretanto, ela coleciona muitas reclamações.
No site Reclame Aqui, por exemplo, a Uber figura como a terceira pior empresa avaliada nos últimos 30 dias. Foram 64 mil reclamações nos últimos seis meses.
As reclamações são as mais diversas. Vão desde cobranças abusivas a longas esperas por um motorista da empresa, carros sujos e em más condições, motoristas mal educados, e várias outras.
É por isso que a jornalista decidiu abandonar os carros de aplicativos e voltar a usar táxis, os amarelinhos.
Leia o que ela conta:
É um alívio retornar ao táxi amarelo. Já não aguentava o péssimo serviço da Uber. Cancelamentos sucessivos no último minuto, carros em más condições, cobranças indevidas, atendimento nulo a queixas. Mas, sobretudo, a arrogância de motoristas que nunca foram preparados para prestar serviço aos passageiros. É como se estivessem ali contrariados. Por não haver outra alternativa de emprego.
A gota d’água foi a alta nas cobranças. Com o verão e o aumento da procura, a corrida pelo aplicativo da Uber não vale mais a pena. Não dá também para ficar esperando por carros que nunca chegam. Além disso, os amarelinhos podem circular nas pistas exclusivas de ônibus. Um bônus extra. Os taxistas abraçam sua atividade como profissão. E por isso são gratos ao cliente.
O nome da empresa tem origem alemã e tem trema. Über significa super, mega, ultra, melhor. O máximo do máximo. Nós chamamos pelo app “um motorista parceiro” que nos pega onde estivermos, nos leva para o destino desejado, com várias vantagens: a foto do motorista, a cobrança antecipada por cartão já registrado, a agilidade no atendimento, a escolha de um carro melhor ou pior.
Tudo seria o máximo do máximo se funcionasse direito. Se houvesse uma seleção dos motoristas. Se houvesse resposta. A Uber é um drible informal no serviço de táxi. A empresa se beneficia de não regulamentação, de não pagar uma série de taxas e impostos, de não contratar os motoristas e deixar tudo correr livre. Essa “liberdade” – ou informalidade – acaba saindo caro para nós.
Talvez o sucesso inicial da Uber no mundo tenha decretado o fracasso de sua reputação. Ao menos no Brasil. No site Reclame Aqui, a Uber figura como a terceira pior empresa avaliada nos últimos 30 dias. Foram 64 mil reclamações nos últimos seis meses. A Uber é “uma empresa não recomendada”. Qual o índice de resposta às queixas? Zero por cento. Zero. Não pode.
Minhas histórias com a Uber nem são as mais cabeludas. Uma vez um carro me deixou numa via de grande movimento e perigosa no Rio porque acabou a gasolina. Eu nem tinha como pegar um táxi. Saí andando. Cansei de pegar carro Comfort caindo aos pedaços, chacoalhando todo, morrendo a cada minuto. Com assento deformado, sujo. Então escolho Black, mas aí eles demoram uma eternidade ou cancelam na última hora porque surge uma corrida mais lucrativa. E o Black ficou caríssimo.
Motorista de Uber não é, de maneira geral, prestativo. Quando peço para regular o ar condicionado ou desligar o rádio, instala-se o mau humor. Ao sugerir noutro dia ao motorista um caminho diferente, mais rápido, ele me respondeu: “Já deu uma olhada em sua nota?” Respondi que sim. Era 4,6666 de um total de 5. Para mim, boa. Para ele, um sinal de que eu precisava melhorar, “porque aqui na Uber a gente avalia vocês também”. Só me faltava essa.
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