
50emais
Você consegue se equilibrar numa perna só por quanto tempo? Felizmente, eu consigo ficar bastante tempo nessa posição, mas para chegar lá tive que fazer muito exercício. E pratico todos os dias.
Em 2022, um estudo famoso publicado na revista científica British Journal of Sports Medicine revelou que a incapacidade de manter essa posição por pelo menos 10 segundos estava associada a um risco duas vezes maior de morte em pessoas com 50 anos ou mais.
Um outro estudo, feito no ano passado, 2024, mostrou que a capacidade de se equilibrar em uma perna só (especialmente a perna não dominante) não apenas diminui significativamente com a idade, como é o melhor indicador do envelhecimento neuromuscular.
Leia o artigo completo de Beatriz Carpallo Porcar e Rita Galán Díaz que a BBC News Brasil adaptou do site The Conversation:
O equilíbrio é uma habilidade fundamental que muitas vezes subestimamos, e sua importância vai além de nos impedir de cair.
Na verdade, estudos recentes mostram que a capacidade de se manter em pé apoiado em uma perna só pode ser um dos melhores indicadores físicos do estado de saúde geral e da longevidade.
E, além disso, é um teste que todos podemos fazer em casa.
O teste dos 10 segundos
Em 2022, um estudo famoso publicado na revista científica British Journal of Sports Medicine revelou que a incapacidade de manter essa posição por pelo menos 10 segundos estava associada a um risco duas vezes maior de morte em pessoas com 50 anos ou mais.
Após avaliar 1.702 indivíduos com entre 51 e 75 anos, os autores da pesquisa descobriram que aqueles que não passaram no teste apresentaram uma taxa de mortalidade significativamente maior durante um acompanhamento de 7 anos.
Um novo estudo conduzido pela Clínica Mayo, nos EUA, com 40 adultos saudáveis com mais de 50 anos corroborou essas descobertas. De acordo com suas conclusões, publicadas em outubro de 2024 na revista científica PLOS One, a capacidade de se equilibrar em uma perna só (especialmente a perna não dominante) não apenas diminui significativamente com a idade, como é o melhor indicador do envelhecimento neuromuscular.
Leia também: Como a prática do Tai Chi Chuan é benéfica no equilíbrio físico e mental depois dos 50
Até o momento, eram usados outros parâmetros, como a marcha, a pegada manual ou a força das pernas. Atualmente, se tem certeza de que o equilíbrio é o fator mais afetado pela idade, com mudanças significativas a cada década de vida.
É assim que ficamos de pé
Para manter o equilíbrio enquanto nos apoiamos em um pé só, é essencial receber informações sobre a orientação do corpo no espaço. Além disso, precisamos gerar contrações musculares ideais para manter o tônus postural e ativar uma resposta coordenada dos nossos músculos para evitar quedas.
Portanto, é necessário que o sistema nervoso esteja saudável e reaja rapidamente às mudanças.
O equilíbrio depende de vários sistemas. Enquanto a visão fornece informações sobre a posição e o ambiente, o aparelho vestibular (audição) detecta mudanças na postura da cabeça e complementa a falta de pistas visuais. Por sua vez, o sistema proprioceptivo ou somatossensorial nos informa sobre a posição das articulações, a distribuição do peso na planta do pé e o tônus muscular.
Leia também: Atividade física evita quedas e demência
Em resumo, todos esses sistemas enviam informações sobre a posição do nosso corpo para o cérebro, que por sua vez desencadeia uma resposta automática para corrigir desequilíbrios.
Mas a força muscular também é importante, como indica outro estudo, especialmente em idosos. A diminuição da força e da coordenação pode levar a um risco maior de quedas e lesões com a idade.
À medida que envelhecemos, todos esses sistemas se deterioram, o que afeta nossa capacidade de manter o equilíbrio. Além disso, condições como obesidade, doenças cardíacas, hipertensão e diabetes tipo 2 também o comprometem.
A importância de exercitar o equilíbrio
Felizmente, o equilíbrio pode ser melhorado com a prática, realizando exercícios tão simples quanto se manter em pé apoiado em uma perna só ou caminhar em linha reta ou em superfícies instáveis. Manter a força muscular adequada também é essencial. A ioga e o Tai Chi Chuan, por exemplo, são excelentes para melhorar a estabilidade e a coordenação.
A expressão “se não usar, enferruja” se aplica perfeitamente ao contexto do condicionamento físico. A falta de exercícios e de vários estímulos corporais pode levar à diminuição da força muscular, da flexibilidade e do equilíbrio. Manter uma rotina de exercícios é essencial para preservar essas habilidades e prevenir a deterioração física.
Leia também: Por que depois dos 65 anos as mulheres sofrem mais quedas do que os homens
Em suma, a capacidade de se equilibrar em uma perna só provou ser um indicador valioso de saúde e longevidade. Por isso, incorporar exercícios de equilíbrio à sua rotina diária pode ajudar a melhorar a estabilidade, reduzir o risco de quedas e, de uma maneira geral, promover um envelhecimento saudável.
*Beatriz Carpallo Porcar e Rita Galán Díaz são fisioterapeutas, professoras e pesquisadoras do curso de Fisioterapia da Universidade São Jorge, na Espanha. Também são membros do grupo de pesquisa iPhysio, na mesma universidade.
Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons.
Leia também: Pilates: a chave para uma vida mais saudável e equilibrada