Maya Santana, 50emais
Vou me embora deste mundo sem ter sido mãe. Não me foi concedida essa graça. Mesmo não tendo filhos, se existe algo que eu gostaria de ser é avó. Para mim, as avós são sempre seres maiores, que buscam, à sua maneira, fazer só o bem. Não é à-toa que as crianças quase sempre amam a avó. Por isso, fico de olho em textos que falam sobre a arte de ser avó. Quem deu boa definição foi a escritora Rachel de Queiroz: “Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu. É, como dizem os ingleses, um ato de Deus. Sem se passarem as penas do amor, sem os compromissos do matrimônio, sem as dores da maternidade. E não se trata de um filho apenas suposto, como o filho adotado: o neto é realmente o sangue do seu sangue, filho de filho, mais filho que o filho mesmo…”. No texto abaixo, Ana Suil fala não só da alegria de dar boas vindas a mais uma netinha, mas da necessidade de a avó dar toda atenção à filha que acaba de dar luz.
Leia:
Acabo de me tornar avó novamente de outra menina linda, a Helena. Terei momentos muito felizes ao lado de Manuela e Helena, minhas duas netas, que alegram meus dias e os tornam mais suaves e especiais, dão sentido a tudo. Chamo isso de voternidade.
E por que eu chamo essa relação de avó e netas de voternidade? Por que é um período em que precisamos tirar alguns dias para ajudar não só a cuidar da netinha, mas também da filha que tanto precisa de sua mãe nessa hora. É claro que como avó moderna, não terei tanto tempo e nem uma licença específica, mas reservo a nós esse momento especial de dar conforto e carinho para que a rotina delas seja suave e feliz.
Quanto a nosso papel de avó, cabe saber a hora de acolhermos e de nos retirarmos. De abraçar e de irmos para nossa casa. Esse é o maior amor da vida, e posso até garantir que dá muito mais sentido aos nossos dias e lutas.
Uma pesquisa feita na Alemanha já concluiu que conviver com netos e cuidar deles reduz em 37% o risco de mortalidade dos avós – imagine só. Metade do grupo dos avós presentes viveu por dez anos depois do início da pesquisa. No grupo que não conviveu com netos, 50% das pessoas só chegou a sobreviver mais 5 anos.
É maravilhosa a voternidade!
Para terminar, deixo um texto sobre ser a mãe da mãe…escrito por Marcela Feriani.
Enquanto os olhos do mundo estão no bebê que acaba de nascer, a mãe da mãe enxerga a filha, recém-parida. O papel de avó pode esperar, pois é a sua menina que chora, com os seios a vazar.
A mãe da mãe esfrega roupinhas manchadas de cocô, varre o chão, garante o almoço. Compra pijamas de botão, lava lençóis sujos de leite e sangue. Ela sabe como é duro se tornar mãe. No silêncio da madrugada, pensa na filha, acordada. Quantas vezes será que foi? Aguentará a manhã com um sorriso? Leva canjica quentinha e seu bolo favorito. Clique aqui para ler mais.