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Wanderléa marcou a juventude da minha geração. Surgiu no programa Jovem Guarda, comandado por Roberto Carlos e Erasmo Carlos, nas tardes de sábado, e logo ganhou o apelido de Ternurinha.
Essa foi uma época muito rica em termos da nossa música. Tom Jobim, Chico Buarque, Edu Lobo, Elis Regina, Maria Bethânia, Gal Costa, Milton Nascimento, Ivan Lins,Jards Macalé, luiz Melodia, Paulinho da Viola, Quarteto em Si, MPB4, … a lista de estrelas é infinita.
Ao longo da carreira, Wanderléa tentou se integrar a essa turma da MPB. A cantora se lançou em vários projetos, buscando “se afirmar em outras ‘praias’ que não a da Jovem Guarda. Plenamente, nunca conseguiu”, escreve Silvio Osias neste artigo do Jornal da Paraíba.
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Wanderléa foi a voz feminina da Jovem Guarda. Na televisão, no mercado fonográfico, no mundo da moda, aparecia sempre ao lado de Roberto e Erasmo Carlos no “movimento” que foi breve, mas que marcou a música pop brasileira.
A primeira fase da discografia de Wanderléa é a da CBS. Ali, gravou um repertório juvenil de rocks e canções românticas, tanto versões quanto músicas de compositores brasileiros. São discos ingênuos nos quais estão alguns dos seus maiores sucessos – Ternura, Te Amo, Foi Assim, Prova de Fogo.
No cinema, foi Beth, uma cantora em busca da fama, em Juventude e Ternura. Depois, contracenou com Roberto e Erasmo Carlos em O Diamante Cor de Rosa.
Wanderléa gravou seus melhores discos na década de 1970. A Jovem Guarda acabara, e ela lutava para ser assimilada pela turma – colegas e ouvintes – da MPB. Destaquem-se os álbuns Maravilhosa (1972), Feito Gente (1975, ao vivo), Vamos que eu já vou (1977) e Mais que a paixão (1978).
Vamos que eu já vou traz Wanderléa trabalhando em parceria com Egberto Gismonti. No fundo, ainda que com algum exagero, pode ser dito que é um disco de Egberto Gismonti cantado por Wanderléa. Gismonti compõe, arranja, toca, produz. Wanderléa canta.
Wanderléa procurou novos caminhos para sua carreira, mas o mercado dos shows e dos discos sempre puxou a artista para um interminável revival da Jovem Guarda.
Não faz muito tempo, gravou um CD todo dedicado ao repertório autoral de Sueli Costa, e, há pouco, fez um álbum em que se debruça sobre o choro, gênero que cultivou quando ainda não era uma profissional da música.
É Wanderléa em suas tentativas de se afirmar em outras “praias” que não a da Jovem Guarda. Plenamente, nunca conseguiu. Na memória afetiva dos seus ouvintes, para o bem e para o mal, nunca deixará de ser a Ternurinha.
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