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O canabidiol, embora divida os médicos entre os que aprovam seu uso e os que são contra, vem sendo usado por um número cada vez mais de pessoas, para tratar os mais diversos tipos de transtornos.
A atriz Cláudia Rodrigues, usuária do canabidiol, é portadora de esclerose múltipla, e uma das grandes defensoras de seu uso: “Vocês sabem que eu luto com a esclerose múltipla há mais de 20 anos e a medicina integrativa me ajudou muito nesse tempo todo. Eu uso a cannabis medicinal há um tempo e me ajuda muito e por isso quero compartilhar com vocês” – escreveu a atriz em em seu perfil no Instagram.
Além de Cláudia Rodrigues, Laura Neiva, Jennifer Aniston e Henrique Fogaça são algumas das celebridades também adeptas do canabidiol.
Mais informações sobre esse importante derivado da maconha neste artido de Mariza Tavares, do blog Longevidade: Modo de Usar, publicado por O Globo.
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“Não oferecer uma terapêutica que pode beneficiar o paciente é um ato desumano”. Difícil discordar da médica neurologista Camila Pupe, especialista no tratamento de dor e professora adjunta da Universidade Federal Fluminense. No entanto, quando o assunto é a maconha medicinal, as opiniões se dividem entre os profissionais de saúde. Por isso é tão importante compartilhar informações que mostrem o largo espectro de uso da Cannabis sativa, desde que o atendimento seja personalizado, como ela afirma:
“Cada paciente tem sua dose ideal e esse é um dos motivos de a utilização de uma dose fixa nos ensaios clínicos nem sempre apresentar os resultados esperados. Cada pessoa seu próprio sistema endocanabinoide e uma titulação particular”.
Pausa para uma breve explicação: nosso cérebro tem receptores (CB1 e CB2) que são estimulados por canabinoides produzidos pelo organismo. São chamados de endocanabinoides e responsáveis por uma extensa lista de funções para garantir a homeostase, o equilíbrio interno. A maconha, por sua vez, tem inúmeros compostos químicos, entre eles o CBD (canabidiol), o THC (tetrahidrocanabinol) e o CBG (canabigerol). Os compostos são fitocanabinoides, isto é, também são canabinoides e, por este motivo, conseguem estimular os receptores humanos com eficiência.
Quando a doutora Pupe fala de um sistema endocanabinoide próprio, se refere às características particulares de cada indivíduo, que devem ser levadas em conta na prescrição. O correto é ajustar a dose lentamente e avaliar a resposta, até alcançar a “janela terapêutica” exata do paciente. Na sua apresentação “Cannabis medicinal e evidências científicas”, em seminário promovido pelo Centro de Estudos Copa Star há dez dias, revelou que há publicações com baixo grau de evidência, mas enfatizou que não se pode descartar a experiência clínica do dia a dia:
“Para as demências, que hoje afetam 50 milhões de pessoas no mundo, a revisão sistemática de estudos não controlados sugere que a Cannabis serve para o alívio de agitação psicomotora, agressividade, psicose, distúrbios alimentares e de sono. Também é eficiente no manejo de sintomas não motores do Parkinson, a segunda doença neurodegenerativa mais comum após o Alzheimer, com um forte impacto negativo na qualidade de vida. Precisamos de disseminação de conhecimento, políticas públicas e democratização do acesso”.
O psiquiatra e psicoterapeuta Nelson Goldenstein abordou o tema dos canabinoides na psiquiatria clínica, recapitulando as evidências históricas sobre seu uso. Na China, a maconha era utilizada no tratamento de gota, reumatismo e malária, sendo considerada uma planta polivalente.
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Médicos do Império Britânico aprenderam, nas colônias sob seu poder, a tratar epilepsia com a droga e, em 1889, a revista científica “Lancet” publicou artigo sobre sua eficácia contra a dependência do ópio. Ele diz que, para quem argumenta que não há evidências científicas, a Cannabis atravessou a prova do tempo:
“A prescrição só foi interrompida por força da lei no século XX. Até o início dos anos 1960, qualquer tipo de estudo clínico ficou relegado ao esquecimento em decorrência da proibição e sua consequente demonização”.
Goldenstein citou a USP como uma universidade pioneira na demonstração do efeito antipsicótico do canabidiol e acrescentou que já foram descobertos mais de uma centena de componentes da planta:
“Alguns desses fitocanabinoides têm evidente efeito sobre o sono, outros são anti-inflamatórios, confirmando as observações empíricas da Antiguidade. Boa parte dos transtornos psiquiátricos é persistente e nossos recursos farmacológicos rapidamente produzem tolerância e dependência, quando não as perigosas síndromes metabólicas, alterações na libido ou ganho de peso. Sua prescrição se justifica pela missão compassiva do médico”.
Em artigo que pode ser lido aqui, a psiquiatra Ana Gabriela Hounie, que tem doutorado e pós-doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e é especialista em Síndrome de Tourette, lembra que, em outubro de 2022, o Conselho Federal de Medicina publicou resolução restringindo a prescrição do canabidiol a somente três tipos de epilepsia, deixando milhares de portadores de outras doenças mergulhados na incerteza.
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Tamanho foi o alvoroço que o CFM suspendeu a resolução. A doutora Hounie alerta que os conselhos regionais vêm abrindo sindicâncias contra médicos que prescrevem os produtos alegando infrações éticas, como a divulgação de tratamento sem comprovação científica, embora, além da literatura, haja ampla experiência clínica.
Têm ainda exigido que, ao dar entrevistas, os médicos forneçam o CRM (registro no Conselho Regional de Medicina) e o RQE (Registro de Qualificação de Especialidade), procedimento utilizado apenas na publicação de anúncios – aliás, este é o motivo de eu estar incluindo tais informações sobre ela, a seu pedido: CRM 94382 e RQE 17704. Nesse embate, quem sai perdendo é o paciente.
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A Medicina não pode ter preconceitos. No caso da maconha, são inúmeros os benefícios que ela trás. Tanto o consumo como a comercialização do produto devereiam ser regulamentados. Inclusive o plantio. Daria muito emprego prá muita gente.