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Sempre digo que, se pudesse dar um único conselho para uma pessoa mais jovem, diria: Planeje a sua aposentadoria.
Boa parte das pessoas que trabalha pensa na aposentadoria como um período em que vai relaxar e levar a vida que quiser levar.
Mas, como estamos vivendo muitos anos depois de nos aposentarmos, é essencial nos prepararmos para o pós-aposentadoria. Eu mesma estou com 72 anos – me aposentei aos 60. Ou seja, estou aposentada há 12 anos.
Estudo feito na Inglaterra mostra que parar de trabalhar, sem ter se preparado para esse período, planejado a nova vida, pode aumentar em 40% risco de depressão e em 60% o de doenças físicas.
Leia este artigo de André Bernardo para o Estadão:
Desde 2016, o aposentado Carlos Alberto Patrício, de 71 anos, conta os dias para novembro chegar. No dia 4, ele já veste, orgulhoso, a roupa vermelha e branca do mais ilustre morador da Lapônia, região gelada no extremo norte da Finlândia, e dá expediente, das duas da tarde às oito da noite, em um shopping de Botafogo, na ensolarada Zona Sul do Rio, até a véspera de Natal. Sob o nome artístico de Carlos Patrício Noel, tira fotos, recebe cartinhas, distribui sorrisos. Na noite do dia 24 de dezembro, data do nascimento de Jesus, segundo a tradição católica, faz uma média de seis visitas domiciliares, de 40 minutos cada, por bairros da Zona Oeste, como Barra, Recreio e Jacarepaguá.
Carlos Alberto é um dos mais de 800 “Bons Velhinhos” que a Escola de Papai Noel do Brasil, com sede no Rio de Janeiro, já formou em 30 anos de atividade. “Quando visto a roupa do Papai Noel, eu me transformo. É como se eu adquirisse superpoderes. Mudo até meu jeito de agir e pensar”, conta o militar reformado do Exército que já foi dono de empresa de vigilância e síndico de condomínio. “Antes, era um sujeito embrutecido, sabe? Hoje, sou mais afetuoso e empático. Fiquei sensível ao problema dos mais necessitados. Ser Papai Noel amoleceu meu coração”.
A ideia de se transformar em Noel, conta, partiu de um morador do prédio onde mora. Foi o vizinho quem indicou, por causa de sua barba branca, a escola fundada pelo ator e diretor teatral Limachem Cherem em 1993. Se forem aprovados no processo de seleção, os aspirantes a Bom Velhinho podem trabalhar em lojas, shoppings e empresas, visitar asilos, orfanatos e hospitais, e faturar algo em torno de R$ 20 mil por cerca de 40 dias de trabalho. “O lado bom é poder estar sempre em contato com criança. Tenho seis netos e três bisnetos, e posso garantir: rejuvenesço na presença deles. O lado ruim? Bem, não ter começado antes”, diverte-se Simon Komarov, de 75 anos. Mais conhecido como Saymon Claus, ele é Papai Noel há 12 anos.
“Depressão pós-aposentadoria”
Interpretar o Bom Velhinho faz bem à saúde mental e financeira. Mas, não é todo trabalhador que, a exemplo de Carlos e Simon, consegue encontrar uma nova razão para viver – e uma fonte de renda – depois de aposentado. Muitos, sem propósito e rendimento, caem em depressão. É o que alguns especialistas já apelidaram de “depressão pós-aposentadoria”. O distúrbio não consta no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria, nem na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID).
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Mas, um estudo de 2013 do Institute Economics Affairs (IEA), com sede em Londres, dá o alerta: parar de trabalhar pode aumentar em 40% o risco de depressão e em 60% o de doenças físicas. “Na maioria das vezes, os pacientes não se queixam de tristeza, mas de vazio. É como se vivessem num ‘grande domingo que nunca acaba’. Atribuo esse sentimento à falta de propósito. Quando temos projetos, o futuro existe. Quando não temos, os dias são todos iguais”, adverte a psiquiatra Tânia Correia de Toledo Ferraz Alves, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Coordenadora do Departamento de Psicogeriatria da instituição, Tânia explica que os sintomas da chamada “depressão pós-aposentadoria” podem variar de físicos a psicológicos. Entre outros tantos, ela cita cinco: dores pelo corpo, falta de sono, perda de apetite, dificuldade de concentração e lapsos de memória. Para tratar, há dois caminhos a seguir: o psicossocial, técnica que combina aspectos sociais e psicológicos, e o farmacológico, terapia que prescreve, com orientação médica, remédios antidepressivos.
Mais importante do que tratar, porém, é prevenir a “depressão pós-aposentadoria”. Neste sentido, ela recomenda que, às vésperas da aposentadoria, o trabalhador saia à procura daquela gaveta, no sentido próprio ou figurado da palavra, onde guardou, durante os anos de serviços prestados, seus projetos pessoais. E, assim que encontrar, procure esvaziá-la.
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“Lembra dos sonhos que você deixou de realizar por falta de tempo? Então, que tal realizá-los agora? Pode ser escrever um livro, visitar museus, aprender pintura, fazer uma viagem, pescar com amigos… Nunca é tarde para resgatar antigos projetos ou, então, descobrir algo novo para fazer”, sugere a psiquiatra.
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Estou aposentada há 6 anos, nunca deixei me movimentar, danço forró, zumba, dança de salão, faço caminhada e musculação 3 vezes na semana.
EU ESTAVA ADOECENDO ERA NO TRABALHO! MINHAS DOENCAS FORAM EMBORA A METADE.