heloísa Aline, 50emais
Leiam este texto até o final e, se possível, sem julgamentos: entre várias matérias que faço, escrevo uma coluna que se chama “Entrevista”, com formato perguntas e respostas – conhecido no meio como ping pong –, em que o entrevistado passa a sua idade. É o modelo da página, ninguém nunca reclamou.
Nesta semana fui surpreendida por uma profissional da moda que, convidada a ser entrevistada, declinou porque não se sentiu confortável em expor esse item.
Alegou que as pessoas com mais de 50 anos são mal vistas no mercado de trabalho, particularmente no fashion. Em sua defesa, argumentou que, de acordo com suas pesquisas, vários especialistas, acho que da área de marketing, estão desaconselhando se especificar a data de nascimento por ocasião de envio de currículos.
Para que a pessoa seja julgada pelas competências e habilidades e não pelo tanto de tempo que já viveu. Como se os empregadores não soubessem fazer essa conta aproximada somando as experiências que o candidato apresenta.
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Mas é a pura verdade. Existe etarismo arraigado e as empresas privilegiam gente jovem, antenada, com amplo domínio da tecnologia. Isto ganha lentes de aumento quando se trata das mulheres, mas acontece também com os homens. Lembram do filme “O Estagiário” com Robert De Niro e Anne Hathaway?
Por outro lado, essa não seria justamente uma oportunidade para falar do assunto desfraldando a bandeira feminina para ajudar a derrubar o preconceito com a idade? Ou as mulheres maduras, como esta da foto, que ganhou destaque nesta semana, terão sempre de se esconder atrás de uma suposta juventude e nunca passar dos 40?
A moça em questão recusou um espaço privilegiado, uma página inteira, para falar de si, seu trabalho e planos, porque achou que divulgar sua idade seria contraproducente para ela. O que dizer sobre isto?
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