50emais
Dezembro é o mês dedicado a alertar a população para os riscos de contrair o HIV, o vírus que causa a aids, normalmente transmitido através de relações sexuais.
Segundo dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, o número de novos casos de HIV entre idosos cresceu 416% na última década, saindo de 378, em 2012, para 1.951, em 2022.
Apesar desse aumento nos últimos 10 anos, não existe campanhas voltadas para informar os mais velhos sobre os riscos que estão correndo ao fazer sexo sem a proteção da camisinha.
Especialista explica que são várias as razões para o aumento dos casos entre idosos:
“Um primeiro fator, aponta, é o baixo uso de preservativos, já que não existe mais a preocupação com uma possível gravidez. Já o segundo é a popularização dos medicamentos contra a disfunção erétil, que prolongaram a vida sexual de muitos homens”, esclarece ele. Mas há outros fatores.
Leia o artigo completo de O Globo:
Uma preocupação dos especialistas é que, embora tenha ocorrido um aumento do número de testes e diagnósticos, as informações sobre acesso ainda são divulgadas “de forma insuficiente”, o que por sua vez contribui para que os casos sejam identificados em estágios mais avançados.
O número de novos casos de HIV entre idosos cresceu 416% na última década, saindo de 378, em 2012, para 1.951, em 2022, segundo dados do último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde sobre o tema. A faixa etária dos 60 anos ou mais também passou de representar 2% de todas as novas infecções com o vírus para 4% no ano mais recente.
O cenário levou a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) a emitir um alerta nesta semana. Nele, a entidade afirma que, embora o mês de dezembro seja dedicado ao combate do HIV/Aids e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), os idosos geralmente não são os alvos das campanhas, ainda que vivam um aumento importante nos casos de HIV.
Ao longo da última década, os dados mostram que os casos de Aids, a síndrome de imunodeficiência que pode ser causada quando as pessoas que vivem com HIV não aderem corretamente ao tratamento, também cresceram. Em 2012, foram 1.930 novos registros, o que aumentou 38% e chegou a 2.657 em 2022. Em relação aos óbitos por HIV/Aids, o número saiu de 980 para 1.827, alta de 86%.
Para o geriatra e presidente da SBGG, Marco Túlio Cintra, a realidade expõe uma necessidade de orientação das medidas preventivas, de garantia do diagnóstico precoce e de acesso aos tratamentos contínuos e especializados para os idosos que vivem com HIV.
“Não podemos nos esquecer da questão da saúde mental e emocional dessas pessoas, uma vez que o estigma social relacionado ao HIV e à AIDS pode afetar a autoestima e o bem-estar psicológico do idoso. Assim, esse suporte deve fazer parte do tratamento”, acrescenta o médico, em comunicado.
Em relação aos motivos para o aumento, Túlio Cintra acredita que não há uma única causa. Um primeiro fator, aponta, é o baixo uso de preservativos, já que não existe mais a preocupação com uma possível gravidez. Já o segundo é a popularização dos medicamentos contra a disfunção erétil, que prolongaram a vida sexual de muitos homens, avalia o médico.
Leia também: Idosos usam mais remédios, mas ficam de fora dos testes com medicamentos
Além disso, ele cita que há uma vida sexual mais ativa na faixa etária por muitos serem divorciados ou viúvos, e hoje haver ferramentas que facilitam os encontros, como aplicativos de relacionamento. No entanto, não são apenas contextos sociais que explicam a alta.
A SBGG explica que os riscos de infecção também são ampliados por questões biológicas, como a pouca lubrificação da vagina e do ânus e a fragilidade do sistema de defesa do organismo nestas regiões do corpo em idades mais avançadas, o que facilita a entrada do HIV.