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A imagem que a sociedade projeta do envelhecimento feminino é carregada de preconceito. O envelhecer é retratado como se fosse sinônimo de fragilidade, de ossos fracos, de falta de saúde e irrelevância. E sabemos que não é bema assim.
Diante dessa visão deturpada, a americana Caroline Paul decidiu escreveu um livro abordando essa questão da verdadeira avalanche de mensagens negativas que as mulheres recebem sobre o envelhecer.
Caroline sugere entre outras coisas, atividades ao ar livre para recuperar a autoestima e o prazer pela aventura. Segundo ela, “estar em contato com a natureza é transformador.”
“A sociedade nos ensina a ter medo, como se isso nos protegesse, o que não é verdade” – diz a autora, explicando que nesse livro, ela quis mostrar exemplos de “mulheres mais velhas que estão transformando suas vidas numa fonte de prazer e divertimento.”
Leia o artigo de Mariza Tavares, do Longevidade: Modo de Usar, blog publicado por O Globo:
Quando tinha 55 anos (agora tem 60), Caroline Paul notou que era a única mulher madura surfando numa praia californiana. Havia homens sessentões se equilibrando nas pranchas, mas, além dela, nenhuma representante do sexo feminino na água, o que a levou a conceber seu mais recente livro: “Tough broad: from boogie boarding to wing walking – how outdoor adventure improves our lives as we age”, que pode ser traduzido como “Imensidão dura: de bodyboarding a andar nas asas de um avião – como aventuras ao ar livre melhoram nossas vidas quando envelhecemos”, em tradução livre. Sua proposta? Levar as mulheres para atividades ao ar livre, para recuperar a autoestima e o prazer pela aventura, como explicou em palestra que tive a oportunidade de acompanhar:
“As mulheres são soterradas por mensagens tóxicas sobre o envelhecimento feminino: ele é sinônimo de ossos frágeis, declínio e irrelevância. A maneira como você se vê na velhice é em grande parte responsável pela qualidade desse envelhecimento, mas como ter uma visão positiva com tantos discursos negativos?”.
Leia também: Preconceito de idade está por toda parte
De perigo ela entende, porque trabalhou numa equipe de resgate dos bombeiros de San Francisco durante quase 14 anos, mas afirma que encarar uma aventura não é sinônimo de riscos iminentes: “na verdade, é uma boa oportunidade de aprender a avaliar uma situação e conhecer seus prós e contras. Tomamos medicamentos que provocam efeitos colaterais significativos e esse é um risco para o qual não atentamos”.
Em seu livro de maior sucesso, “The gutsy girl” (“A menina corajosa”), procurava atingir pré-adolescentes para que se imaginassem capazes de ser o que quisessem, e agora volta à questão com o olhar da velhice.
“A sociedade nos ensina a ter medo, como se isso nos protegesse, o que não é verdade. Quis retratar mulheres mais velhas que estão transformando suas vidas numa fonte de prazer e divertimento. E estar em contato com a natureza é transformador”, diz.
Uma das histórias que aborda no livro é a de Lorraine, de 62 anos, que passou a integrar um grupo (o San Dieguito Newcomers Boogie-Boarding Group) de idosas que, três vezes por semana, pegam suas pranchas para fazer manobras de bodyboarding numa praia de San Diego. “Seu depoimento me arrepia até hoje. Ela me disse que não se vê mais como uma pessoa frágil, que o contato com o Oceano Pacífico mudou sua vida e que se sente apoiada e protegida pelas companheiras de esporte”, conta.
Para a autora, a longevidade ativa depende de cinco pilares: senso de comunidade; fazer coisas novas; propósito; saúde; e um estado de espírito positivo. Na sua opinião, atividades ao ar livre conseguem reunir todos os atributos: “é diferente de participar de um clube do livro ou aprender uma nova língua. Ambas são ótimas, mas fica faltando o fator saúde”.
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Quando tinha 55 anos (agora tem 60), Caroline Paul notou que era a única mulher madura surfando numa praia californiana. Havia homens sessentões se equilibrando nas pranchas, mas, além dela, nenhuma representante do sexo feminino na água, o que a levou a conceber seu mais recente livro: “Tough broad: from boogie boarding to wing walking – how outdoor adventure improves our lives as we age”, que pode ser traduzido como “Imensidão dura: de bodyboarding a andar nas asas de um avião – como aventuras ao ar livre melhoram nossas vidas quando envelhecemos”, em tradução livre. Sua proposta? Levar as mulheres para atividades ao ar livre, para recuperar a autoestima e o prazer pela aventura, como explicou em palestra que tive a oportunidade de acompanhar:
“As mulheres são soterradas por mensagens tóxicas sobre o envelhecimento feminino: ele é sinônimo de ossos frágeis, declínio e irrelevância. A maneira como você se vê na velhice é em grande parte responsável sobre a qualidade desse envelhecimento, mas como ter uma visão positiva com tantos discursos negativos?”.
De perigo ela entende, porque trabalhou numa equipe de resgate dos bombeiros de San Francisco durante quase 14 anos, mas afirma que encarar uma aventura não é sinônimo de riscos iminentes: “na verdade, é uma boa oportunidade de aprender a avaliar uma situação e conhecer seus prós e contras. Tomamos medicamentos que provocam efeitos colaterais significativos e esse é um risco para o qual não atentamos”. Em seu livro de maior sucesso, “The gutsy girl” (“A menina corajosa”), procurava atingir pré-adolescentes para que se imaginassem capazes de ser o que quisessem, e agora volta à questão com o olhar da velhice.
“A sociedade nos ensina a ter medo, como se isso nos protegesse, o que não é verdade. Quis retratar mulheres mais velhas que estão transformando suas vidas numa fonte de prazer e divertimento. E estar em contato com a natureza é transformador”, diz.
Uma das histórias que aborda no livro é a de Lorraine, de 62 anos, que passou a integrar um grupo (o San Dieguito Newcomers Boogie-Boarding Group) de idosas que, três vezes por semana, pegam suas pranchas para fazer manobras de bodyboarding numa praia de San Diego. “Seu depoimento me arrepia até hoje. Ela me disse que não se vê mais como uma pessoa frágil, que o contato com o Oceano Pacífico mudou sua vida e que se sente apoiada e protegida pelas companheiras de esporte”, conta.
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Para a autora, a longevidade ativa depende de cinco pilares: senso de comunidade; fazer coisas novas; propósito; saúde; e um estado de espírito positivo. Na sua opinião, atividades ao ar livre conseguem reunir todos os atributos: “é diferente de participar de um clube do livro ou aprender uma nova língua. Ambas são ótimas, mas fica faltando o fator saúde”.
Paul não descreve apenas esportes radicais, como andar nas asas de um aviãozinho – acreditem, há idosas dispostas a encarar o desafio. Também acompanhou uma mulher que usava cadeira de rodas desde os 14 anos e se dedicava à observação de pássaros. Para quem teme ousadias de qualquer tipo, sugere o que os norte-americanos chamam de “awe walk”, o equivalente a uma caminhada de admiração. É o sentimento de estar na presença de algo transcendente, uma experiência que a imensidão da natureza sempre nos proporciona. Pode ser um lugar que você conhece, mas prepare-se para visitá-lo com olhos de estrangeiro, pronto para se encantar com detalhes que normalmente passam despercebidos.