Marlene Damico Lamarco
50emais
Quero um ano sabático! Um tempo, que não seja feito só de sábados, mas de segundas e domingos, de horas e horas para fazer nada e, paradoxalmente, fazer tudo. Quero um tempo para mim, que eu possa viver intensamente como uma religião… no sentido esotérico do termo.
“Reverência e acatamento às coisas sagradas, busca de transcendência da condição humana e de união com a essência da vida, retomada dos vínculos com sua origem cósmica, da harmonia com leis que estão além da sua concepção pessoal e individual. A religião, assim compreendida, é o que desperta para o significado da existência terrena. As religiões têm como finalidade primordial proporcionar às massas o conhecimento das leis evolutivas, até que cada indivíduo encontre a verdade dentro de si e, a partir daí, prescinda de sistemas externos”.*
Quero um templo calmo e acolhedor, dentro de mim, e tomar posse desse lugar sagrado, para rezar sem medo e sem receios de pedir demais… Quero a festa, o riso e a liberdade de ser quem sou. Olhar para meus limites e erros como coisas naturais do aprendizado e com muita gratidão, pois só quem está vivo tem essa chance… fazer de novo, acertar o ponto, jogar o jogo!
Conheci caminhos e pessoas diferentes, ouvi e contei muitas histórias. A vida me proporcionou uma riqueza muito grande ao me aproximar de tantas pessoas que abriram o coração e partilharam comigo a sua busca, os seus medos, os descaminhos, as dores e as curas.
Busquei a própria verdade com devoção, confrontei ideias inverossímeis e viajei por lugares ocultos e concretos. Agora me bate uma vontade de abrir espaços… um hiato no corre-corre deste mundo veloz demais, onde possa me reconhecer e me expressar. A forma não conta, quero a essência.
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Quero sentir o gosto de ser quem sou, de me olhar por dentro e de me olhar por fora. Por dentro, rolar feito criança e captar a magia perdida de ser feliz sem explicar porquê… Por fora, sentir a liberdade de ousar novos voos, regidos por novos parâmetros, com força capaz de quebrar amarras e criar infinitas possibilidades. Conhecer gente nova, renovar gente velha, fazer coisas banais como se fossem sagradas e criar ritos e rotas de fuga, saídas de emergência.
Ter muitos anos de vida é um privilégio!… Por décadas estive presente em muitos movimentos e ausente do próprio movimento. Segui o script, errei na cena, acertei na fala, tropecei no ato. Depois da dor e da alegria de ser eu mesma, corrigi o texto.
Agora o tempo me alforriou e eu quero olhar de perto o que é essencial para, sem pressa nenhuma, expressar o fechamento de ciclos em minha vida, tanto pessoal quanto profissional, e me abrir para que um novo ciclo possa nascer.
Quero tomar posse do “agora” e penetrar na riqueza e na inspiração da pausa, do vazio, do silêncio e do desconhecido. Gerar no útero da vida madura um novo ciclo… parir de novo, um novo ser: eu mesma. Sob minha direção!
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