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O Brasil acompanhou horrorizado o drama da escritora Roseana Murray, 74, atacada por três cães da raça Pitbull em 5 de abril, em Saquarema, no Rio de Janeiro, de manhã cedo, quando saía para sua caminhada diária.
Na selvageria que se seguiu durante 10 minutos, ela perdeu o braço direito e uma orelha. Hospitalizada, foi levada para o CTI, de onde escreveu o texto abaixo, sobre a sensação ao ser mordida pelos cães e o alívio por estar viva.
“Os três cachorros que me atacaram pareciam Cérbero, o cão de três cabeças, prontos para me levar para a morte. Não conseguiram” – diz ela.
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“Ainda estou na CTI. Me lembro do mito de Cérbero, o cachorro de três cabeças que tomava conta da passagem dos recém- mortos para o outro mundo. Eles eram ferozes e ninguém os vencia.
Os três cachorros que me atacaram pareciam Cérbero, o cão de três cabeças, prontos para me levar para a morte. Não conseguiram.
Estou viva, mas como no livro que lemos no Clube da Casa Amarela “Escute as Feras”, de Nastassja Martin, a história da mulher que foi atacada por um urso, lutou e venceu, e no final, é uma mulher meio humana meio ursa, eu tambem me sinto meio humana meio mulher selvagem, por que venci.
Agora já estou planejando um sarau de poesia aqui no Hospital Alberto Torres, onde irei presentear cada um que cuidou de mim com um livro meu. Autografado com a mão esquerda. Este hospital é uma casa muito especial.
Ouço as histórias dos enfermeiros e enfermeiras, troco com eles as minhas histórias, trocamos galáxias de amor. Essa experiência de ser meio humana meio selvagem, com a força adquirida de Cérbero, aumenta a minha reaponsabilidade em relação à vida e a tudo o que é belo.
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Meu filho Guga Murray está criando um movimento junto com a Alessandra Roscoe, que recebe o nome de Ministério das Belezas Colaterais. Mesmo nos piores cenários há que buscar beleza. Esse é o nosso ofício.
E a Paz acima de tudo.
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Infelizmente existem pessoas que criam os predadores que gostariam de ser. Não são acolhidos socialmente pela estupidez de seus comportamentos e vivem como animais agressivos… e invejosos…