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A atriz Flávia Alessandra tem 49 anos e é linda. Pois não é que já começou a sofrer ataques preconceituosos nas redes sociais por causa da idade. Há pouco tempo, postou uma foto sua de maiô e recebeu comentários maldosos, machistas e etaristas.
“Ser mulher e mais velha, é mais um fator que contribui para a piora desse cenário cheio de preconceitos. Acaba que o machismo e o etarismo se misturam, porque as mulheres sempre são mais cobradas em todas as esferas da vida,” diz ela nesta entrevista de Eduardo F. Filho, de O Globo.
Mas Flávia não se deixa abalar pela manifestações de preconceito. “Não me preocupo muito com comentários negativos que surgem. Não dou muita importância a eles,” diz ela, afirmando que “estou me sentindo muito bem, tanto em corpo quanto em mente, e reconheço que isso é resultado de um compromisso que tenho contínuo com a minha saúde.”
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A atriz Flávia Alessandra completou 49 anos em junho deste ano, mas, como tudo em sua vida e carreira, ela já está pensando e olhando adiante. A chegada aos 50 anos, contudo, não é algo que se preocupa ou que tem medo, “pelo contrário”, ela afirma.
— Estou me sentindo muito bem, tanto em corpo quanto em mente, e reconheço que isso é resultado de um compromisso que tenho contínuo com a minha saúde. Me alimento bem, sempre cuidei da minha mente e faço exercícios regularmente — disse em entrevista ao GLOBO.
Recentemente a atriz foi vítima de comentários preconceituosos, etaristas e machistas nas redes sociais ao postar uma foto de maiô, e resolveu fazer o que até então ela não costuma: responder aos ataques da melhor maneira possível, com classe e elegância.
— Ser mulher e mais velha, é mais um fator que contribui para a piora desse cenário cheio de preconceitos. Acaba que o machismo e o etarismo se misturam, porque as mulheres sempre são mais cobradas em todas as esferas da vida. Acredito que a valorização da diversidade e da experiência é fundamental para enfrentar o etarismo, assim como outras questões sociais. É importante que as empresas e a sociedade em geral reconheçam que pessoas de diferentes idades têm habilidades, perspectivas e conhecimentos únicos a oferecer — explica.
Confira a entrevista, a seguir:
Recentemente você postou uma foto de maiô que gerou desconforto para algumas pessoas, incluindo das próprias mulheres. Como reagiu a isso?
Geralmente, não me preocupo muito com comentários negativos que surgem. Não dou muita importância a eles, já que compreendo que a internet é um espaço propício para esse tipo de reação e, se nos deixarmos afetar, pode ser prejudicial para nossa saúde mental. Minha abordagem costuma ser apagar esses comentários e seguir em frente. Mas, houve essa ocasião em que decidi responder porque havia uma grande quantidade de pessoas expressando opiniões preconceituosas e machistas.
Percebi que a situação estava ganhando uma dimensão maior e mais séria. Minha escolha de responder foi influenciada pelo fato de que esse tópico me sensibiliza, é pessoal para mim e eu desejava estimular uma reflexão entre as pessoas que me seguem. Tirando essas coisas, que não acontecem sempre, eu tenho muito carinho pelo meu público e sou grata por todo o apoio que recebo. A maioria me acompanha e vibra comigo.
Busco manter um equilíbrio ao lidar com reações negativas, filtro o que não é construtivo, mas também participando ativamente de discussões que considero relevantes e essenciais.
Na sua opinião, por que ainda há tabus sociais em relação corpo das mulheres?
A questão do corpo da mulher ser tratado como um tabu, especialmente nas redes sociais, reflete uma série de fatores culturais, históricos e sociais que moldaram as normas e percepções ao longo do tempo. Muitas sociedades estabeleceram normas rígidas em relação à aparência, comportamento e papel das mulheres.
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Isso resultou em uma cultura que frequentemente hipersexualiza ou objetifica o corpo feminino, enquanto impõe padrões de beleza irreais. Essas normas continuam a afetar a maneira como as mulheres são vistas e como elas se veem também. Essas regras se manifestam de diversas maneiras, inclusive na imposição sobre o que é aceitável para uma mulher compartilhar online – principalmente as mais velhas.
Por isso abri essa discussão para os que me seguem, porque só dessa maneira é possível gerar algum tipo de reflexão para que a gente consiga habitar em um mundo que busca por igualdade.
Recentemente o assunto etarismo ficou em evidência. Mulheres acima dos 40 anos que decidiram mudar de carreira ou tentar coisas novas e muitas não conseguem por conta da idade. Com a chegada dos 49 anos, você alguma vez sentiu isso?
Acho que ser mulher já é uma barreira para o mercado. Agora, ser mulher e mais velha, é mais um fator que contribui para a piora desse cenário cheio de preconceitos. Posso dizer, por exemplo, no empreendedorismo que, até teve uma melhora, mas ainda temos um domínio da figura masculina.
Em relação a vida artística, tem a questão da imagem, que é muito mais cobrada da mulher do que do homem – isso desde nova, mas piora com o passar dos anos. Acaba que o machismo e o etarismo se misturam, porque as mulheres sempre são mais cobradas em todas as esferas da vida. Acredito que a valorização da diversidade e da experiência é fundamental para enfrentar o etarismo, assim como outras questões sociais.
É importante que as empresas e a sociedade em geral reconheçam que pessoas de diferentes idades têm habilidades, perspectivas e conhecimentos únicos a oferecer.
Você hoje, ao lado do seu marido, Otaviano Costa, gerencia a própria carreira. Em algum momento a idade chegou a ser um empecilho para fechar contratos comerciais ou novelas, por exemplo?
Bom, apesar de a maioria da população brasileira ter mais de 30 anos — dado de uma pesquisa recente, na qual 56,1% se encontram nessa faixa etária — ainda assim, muitas marcas, especialmente na indústria de beleza, optam por fazer parcerias com pessoas mais jovens para campanhas publicitárias.
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Nas novelas, isso está mudando mais agora, mas é notável a falta de protagonistas maduras, o que pode perpetuar a ideia de que a idade avançada é um empecilho para papéis principais. É importante termos essa consciência de que o setor artístico, como muitos outros, enfrenta desafios quando se trata de representatividade etária. Mas, em relação a mim, eu construí parcerias sólidas e colaborações significativas com marcas e projetos que compartilham dos mesmos valores que eu.
Esses parceiros têm uma visão alinhada com a minha, porque preso por isso, e é uma demonstração que há espaço para todos no mercado. As marcas estão passando por uma mudança e percebendo que autenticidade e a diversidade é o que importa, independentemente da idade.
Você sempre foi adepta da ioga. Ainda pratica?
Sim, prático e gosto tanto que vou disponibilizar conteúdos, aulas guiadas, em minha nova empresa de bem-estar e treinos. A ioga é boa para definitivamente tudo na conexão entre a mente e o corpo. A prática promove flexibilidade, aumento da força muscular, equilíbrio e coordenação, melhora a postura e a consciência corporal, ajuda na respiração, reduz estresse… e com todos esses benefícios, a gente acaba desenvolvendo uma reflexão interna, que ajuda a trabalhar a autoaceitação e o autoconhecimento, e você começa a criar um relacionamento mais saudável consigo mesmo.
Como é a sua dieta?
Depois de experimentar diversas dietas ao longo da vida, percebi que, apesar de clichê, o sucesso para ter uma boa saúde a longo prazo não se baseia em restrições, mas sim na construção de hábitos que você pode e consegue sustentar. Precisamos fazer escolhas conscientes para cuidar da nossa saúde, ao mesmo tempo em que desfrutamos das coisas que gostamos. É importante ouvir nosso corpo para tentar manter o equilíbrio, essa é a chave.
Eu já tenho consciência do que é saudável e que funciona para mim. Então, durante a semana, como muitas verduras, vegetais, legumes e fibras para que, aos fins de semana, ou de maneira pontual, possa abraçar meus outros prazeres como um vinho, uma pizza, um doce e assim por diante. Hoje eu como de tudo. Tento evitar mais doces, mas ainda sim me permito.
Pratica quais tipos de exercícios?
Eu amo praticar exercícios. Me faz bem, de verdade, tirar esse tempo para mim no dia e movimentar meu corpo e minha mente. Desde jovem, a dança sempre foi uma parte essencial da minha vida. À medida que as responsabilidades aumentaram – equilibrando duas faculdades na época e com a atuação- manter um horário fixo na academia era simplesmente inviável.
Aí a corrida surgiu como uma alternativa flexível, porque eu podia escolher quando e onde treinar, algo que era crucial desde os tempos da faculdade. Comecei a combinar isso com idas esporádicas a academias. Mas o ritmo frenético da minha vida me levou a pedir ajuda ao Rafa Lund, meu personal trainer de confiança e anos.
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Solicitei treinos para viagens, de modo a evitar interrupções abruptas na minha rotina, e ele me enviava planos de treinamento que funcionam muito para mim. Aí a reviravolta de vez foi durante a pandemia. Passamos a treinar remotamente e dessa forma, treinar fica mais fácil e se encaixa perfeitamente na minha vida e no meu cotidiano. Às vezes, 20 minutinhos eu pratico uma aula entre um compromisso e outro e assim me mantenho ativa sempre.
Você tem algum medo em relação à saúde com a chegada aos 50 anos?
Pelo contrário! Estou me sentindo muito bem, tanto em corpo quanto em mente, e reconheço que isso é resultado de um compromisso que tenho contínuo com a minha saúde. Me alimento bem, sempre cuidei da minha mente e faço exercícios regularmente – só com o personal Rafa Lund já são mais de 10 anos.
Além disso, estou sempre com avaliações médicas em dia para garantir que todos os aspectos da minha saúde estejam em ordem. É um combo primordial. Estou muito feliz com tudo que construí até aqui e com o gás que estou para construir mais ainda. É um momento de gratidão pelo que alcancei, pelas pessoas incríveis que estão na minha vida e pelas lições que aprendi ao longo do caminho. Acredito que a vida é uma jornada em constante evolução, e entrar na casa dos 50 anos representa mais uma nova oportunidade de crescimento, aprendizado e expansão.
Estou ansiosa para abraçar essa nova década, porque ainda há muito para viver, com a mesma paixão e curiosidade que trouxe até aqui. E, acima de tudo, muito grata pela oportunidade de celebrar a vida, com saúde, amor e pessoas incríveis comigo.