Aqui está mais um artigo discutindo o que, para mim, é simplesmente uma questão de gosto: mulheres devem ou não usar cabelos compridos depois dos 50 anos? Para a estilista Carolina Herrera, não. Mulher mais velha de cabelo longo mostra que “ela não tem classe.” (clique para ver “Mulher de cabelo longo depois dos 40 não tem classe”) Foi o que disse numa polêmica entrevista a uma revista americana. É só a opinião dela, porque as mulheres estão fazendo é o que elas querem fazer, sem prestar muita atenção para o que os outros dizem.
Veja o que dizem as quatro mulheres ouvidas nesta reportagem de Ana Bardella, do Uol:
Cabelo longo tem prazo de validade? Há quem acredite que sim: para muitos, o esperado é que a mulher troque o visual por um corte médio ou curto ao chegar perto dos 50 anos. Por trás do conceito antiquado está o estereótipo de que o cabelo comprido entrega ou acentua os efeitos da passagem do tempo, como se isso fosse um problema.
Felizmente, há quem promova o movimento contrário. Representantes da onda prateada, nome dado à geração com mais de cinco décadas de vida, têm subvertido o preconceito e provado que o padrão não faz sentido. Não só é possível manter o comprimento longo, como a beleza mora justamente na liberdade de escolha.
A seguir, quatro mulheres acima dos 50 anos refletem sobre a relação com os fios:
“Enquanto fizer parte do meu estilo, não vou cortar”
“Tenho o cabelo longo desde quando era adolescente. Sempre gostei de me ver assim no espelho, principalmente porque sou uma mulher alta e acho que os fios compridos combinam com o meu estilo. Mas o passar dos anos, em especial a chegada da menopausa, fizeram com que eu repensasse a relação que tenho com ele. Conforme a mudança de hormônios acontecia, a aparência dos fios ficava mais opaca e comecei a notar uma queda muito grande.
Procurei um médico e dei início à reposição hormonal para tratar do problema. Hoje, sei que meu cabelo exige atenção especial, mas seguindo a rotina certa de cuidados, é possível ter fios longos e saudáveis em qualquer idade. No futuro, talvez eu decida abandonar a tintura e assumir os brancos ou até deixar platinar. Adoro coques com grampos, penteados e tudo que envolve o longo. Enquanto sentir que faz parte do meu estilo, por mais que digam que há outro corte que ‘rejuvenesce’, não vejo motivos para aderir.” (Márcia Pinhata, 50 anos, funcionária pública).
“Só consegui ter o cabelo longo depois de deixá-lo totalmente natural”
“Considero que o cabelo reflete o nosso estado de espírito. Por isso, quando era mais jovem, usava os meus fios de diferentes jeitos: com mechas, preto, castanho até vermelho vivo. Gostava muito de variar de acordo com o que estava acontecendo na minha vida naquele momento, porém o excesso de químicas trazia problemas. As mechas raramente cresciam o suficiente para passar da altura dos ombros, o que me incomodava bastante.
A situação só melhorou há cerca de uma década, quando decidi que abandonaria a tinta e deixaria os grisalhos tomarem conta. Conforme os brancos cresciam, eu sentia uma espécie de aura, uma luz saindo da minha cabeça. Era uma energia muito boa. Hoje, meu cabelo é completamente natural e, pela primeira vez na vida, uso o comprimento longo. Sou apaixonada por ele e acho o visual impactante.” (Constanza Canet, 61 anos, modelo e atriz).
Tranças despertam a minha memória afetiva
“Adoro mudar meu cabelo! Desde a adolescência, vario entre black power, apliques e tranças. Há alguns anos, optei pelas tranças longas: acho que são bonitas, versáteis e fáceis de cuidar. Já usei nas cores rosa, azul e dourado. Como meu trabalho envolve crianças, uso roupas coloridas, vestidos estampados e sinto que esse estilo combina muito comigo. Algumas pessoas se espantam quando sabem que fico horas no salão para alcançar esse resultado, mas explico que isso não é um problema. Desde criança, estou acostumada a trançar os fios das mulheres da minha família, assim como elas faziam em mim. Por isso, para mim, é um momento gostoso, de conversa, que me desperta memórias afetivas.
Talvez pelo fato de não aparentar a idade que tenho, apesar de não ser um problema para mim, nunca ouvi a sugestão de que deveria deixar o cabelo mais curto para ‘rejuvenescer’. Algumas pessoas, no entanto, confessam que preferem a minha versão crespa. Como resposta, só digo que faço o que me sinto bem.”
“Já me desentendi com uma amiga por ela achar que eu deveria cortar”
“Quando eu era criança, a minha mãe usava o cabelo bem curto e não permitia que os filhos deixassem crescer também. Por causa da proibição, a minha vontade de ter os fios longos e jogá-los de um lado para o outro era imensa. Tenho a lembrança de brincar com a toalha de banho e imaginar quando chegaria a minha vez. Somente aos 18 anos consegui deixá-los crescer e, de lá para cá, nunca mais cortei.
Eu adoro o movimento e o balanço que o comprimento proporciona, mas sei que algumas pessoas se incomodam. É muito comum sugerirem que está pesado, que eu deveria cortar. Já ouvi isso de estranhos, de cabeleireiros e até de amigas. Quando estava na casa dos 40 anos, confesso que me incomodava: cheguei a ser mais ríspida com uma delas, mas hoje não ligo. Hidrato os fios semanalmente, cuido com disciplina e vê-los bonitos, da maneira como eu gosto, é só o que importa.” Alexandra Ludimila, 54 anos, consteladora sistêmica familiar).
O cabelo muda com a idade?
Assim como a pele, o cabelo também sente os efeitos do avanço do tempo. “Com o passar dos anos, há um afinamento progressivo do fio e redução da densidade geral do couro cabeludo. Isso acontece, principalmente, em função da queda do estrogênio e outras flutuações hormonais do pós-menopausa”, explica a dermatologista Natasha Crepaldi, do Mato Grosso. Maus hábitos de saúde, como alimentação pobre em nutrientes e tabagismo, também agravam a situação.
No mundo ideal, os cuidados devem ser preventivos para corrigir possíveis questões fisiológicas antes das mudanças estruturais do fio. Entretanto, quem já está na maturidade pode investir no aporte de vitaminas e acompanhamento dos perfis hormonais para brecar o processo de envelhecimento do cabelo. Também é possível lançar mão de tratamentos cosméticos caseiros ou de salão para devolver maciez e brilho.
Mas e os fios brancos?
“As mechas nascem brancas quando há problemas na passagem do pigmento da matriz capilar para o fio. Esta também é a etapa do processo responsável por tornar o fio mais homogêneo”, conta Natasha. É por isso que o fio branco pode ter uma textura distinta do restante do cabelo ou apresentar maior porosidade.
“Vale investir em xampus e condicionadores com ingredientes de nutrição e restauração”, explica a especialista. Óleos vegetais e queratina são boas opções. Quem gosta do efeito prateado ainda pode complementar a rotina com produtos matizadores (cinza ou roxo) para neutralizar o amarelado.
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