A antropóloga Mirian Goldenberg, 64, paulista, de Santos, é uma estudiosa do envelhecimento, sobretudo no Brasil. E decidiu reeditar um de seus livros mais conhecidos e discutidos: A Invenção de uma Bela Velhice. Para muita gente envelhecer é um tormento, uma fase de perdas, tornada mais difícil pelas doenças que começam a aparecer. A antropóloga pesquisou velhos e velhas saudáveis e conta no livro o segredo de vida dessas pessoas para quem a idade não pesa. A conclusão mais importante da autora “é que essa “bela velhice” não é um caminho apenas para celebridades ricas e poderosas: qualquer um pode aprender a envelhecer de forma mais autônoma, digna e saudável.”
Leia o artigo de Sílvia Ruiz, do Uol:
Envelhecer é inevitável. Mas ter uma bela velhice é opcional. Esse é o mote do livro A Invenção de uma Bela Velhice (editora Record), que acaba de ser reeditado e relançado pela antropóloga e pesquisadora Mirian Goldenberg. O trabalho é resultado de uma pesquisa feita com mais de trinta nonagenários desde março de 2015, todos eles independentes, saudáveis, alegres, curiosos e com muitos interesses e projetos. Foram eles que revelaram os “segredos” para se chegar a uma bela velhice para a autora.
Mirian começa o livro nos lembrando que muitos dos que hoje tem mais de 60 anos fazem parte da geração que fez uma revolução comportamental nos anos 60 e 70. Que quebraram tabus e preconceitos ligados ao corpo, ao sexo, ao trabalho, aos costumes em geral. E que agora também rejeitam os rótulos impostos à maturidade e revolucionam a maneira de envelhecer. Se no imaginário coletivo envelhecer é uma coisa ruim, que gostaríamos de evitar, para esses idosos pesquisados é sinônimo de liberdade e plenitude.
“Passei a pesquisar mulheres de 50, 60, 80 anos, até chegar às pessoas de 90, 100, para entender como construíram uma bela velhice. Pessoas que passaram muitas vezes a vida toda aprisionadas em casamentos, relações ou comportamentos tóxicos, de repente se libertam. O que as move é o senso de urgência. A sensação de ‘é agora ou nunca’. Não é dizer que envelhecer é um paraíso, mas, sim, que cada um de nós pode ser mais livre para ser o que é”, diz Mirian.
E entre as lições que a antropóloga aprendeu com suas pesquisas entre os mais velhos, é que essa “bela velhice” não é um caminho apenas para celebridades ricas e poderosas: qualquer um pode aprender a envelhecer de forma mais autônoma, digna e saudável. Podemos refletir e tentar adotar as ideias apresentadas pelos homens e mulheres entrevistados para mudar o olhar sobre a velhice e provocar uma reflexão sobre tudo o que pode ser feito para vivermos essa fase de maneira plena.
Obviamente que queremos viver mais, mas também viver melhor. Cuidar da alimentação, fazer atividade física já são recomendações que a ciência mostrou serem fundamentais para garantir o bom funcionamento do corpo e nossa mobilidade, tão importante para a liberdade.
Mas outras dicas valiosas passam pela nossa maneira de encarar a vida. Vamos a elas:
- Aceitar a idade
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Cultivar a amizade
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Viver o presente
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Encontrar um projeto de vida
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Conquistar a liberdade
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Viver o presente – Dar risada – Almejar a felicidade
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Vencer o medo – Aprender a dizer “não”.
Este foi certamente um dos capítulos favoritos. Aprender a dizer não é uma arte que a gente tem que desenvolver. É melhor deixar alguém incomodado com o nosso “não” a engolir seco e viver de ressentimento. Sabe apertar o dane-se? A maturidade é isso. Alguns “nãos” que a Mirian traz no livro: – Não ir a eventos sociais por obrigação.
- Não responder a todas as demandas de amigos, familiares ou colegas de trabalho
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Não dividir o prato só para ser gentil
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Não aceitar encomendas quando viajar (e não pedir nada para ninguém)
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Não atender aqueles que só sabem pedir (sem dar nada em troca)
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Não fingir orgasmos
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Não conviver com pessoas negativas, agressivas ou invejosas
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Não querer ser perfeita – Não se levar tão a sério.
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Não ter vergonha do próprio corpo
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Não se preocupar com a aprovação dos outros
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Não aumentar pequenos problemas
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Não se comparar com mulheres mais jovens, magras e sensuais
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Não ser tão crítica com os outros e consigo mesma
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Não mendigar amor, atenção e reconhecimento
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Não ter medo de dizer não.
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