50emais
Luiza Brunet virou outra mulher desde que foi vítima de violência doméstica. Numa viagem aos Estados Unidos, em 2016, foi brutalmente agredida pelo namorado, o empresário Lírio Parisotto, com quem se relacionava desde 2011. A partir de então, engajou-se num movimento de defesa da mulher, fazendo palestras e participando de manifestações para denunciar esse tipo de crime, não só no Brasil, um dos campeões de violência contra a mulher, mas também no exterior. Nesta entrevista, publicada na coluna de Cláudia Meirelles, do site Metrópolis, ela confessa: “Eu passei por diversos tipos de abusos e quando se sente na pele determinadas situações, se torna mais fácil falar e entender o próximo.” Luiza Brunet, Luiza, que lançou recentemente o Volúpia, — tipo de suplemento alimentar que ajuda a estimular a libido -, é hoje uma das vozes mais ativas na luta pelos fim dos abusos contra mulheres.
Leia:
“Quanto mais você amadurece, mais adquire confiança”. A afirmação foi feita por Luiza Brunet ao ser questionada como se define aos 59 anos. Símbolo de mulher empoderada, resiliente e que cuida de si, a ativista e modelo concedeu entrevista à coluna Claudia Meireles em que compartilhou um pouco de sua história e da atuação social em prol dos direitos do público feminino, além de dar spoilers dos futuros projetos.
A empresária acredita que as pessoas têm de aprender a “usar as experiências para se tornar alguém melhor”. “É isso que constrói uma mulher batalhadora, que sabe o que quer e não se deixa ser dobrada por algum tipo de atitude”, confessa. Luiza se descreve como forte, madura, em paz e consciente por disseminar o ativismo “de que as mulheres precisam cuidar uma das outras”.
Ativismo
“Ser um símbolo de mulher empoderada e resiliente é um privilégio, porque a construção dessa mulher madura, consciente, que luta pelos direitos, está atrelada à própria história. Eu passei por diversos tipos de abusos e quando se sente na pele determinadas situações, se torna mais fácil falar e entender o próximo”, reforça Luiza Brunet. A empresária revela ter reconhecido as violações abusivas vividas desde a adolescência a partir da violência física sofrida no último relacionamento.
Luiza começou a trabalhar aos 12 anos e à época sofreu um abuso sexual. Ela não divulgou o episódio, porque no período não era reconhecido como crime. “Esse tipo de comportamento era definido como de um homem tarado. Hoje, sabemos que é um processo muito mais importante e profundo. Obtivemos ganhos recentemente que não tinham na minha época”, relata. A empresária avalia as conquistas de direitos das mulheres devido à busca e ao “barulho” feminino.
“Juntas”
Na avaliação da modelo, a luta feminina ficará mais fortalecida quanto mais as mulheres tiverem consciência sobre os próprios direitos e de que a Justiça existe, mas precisa ser buscada. “Juntas somos mais fortes e conseguiremos mais conquistas”, aconselha. Ao fazer uma reflexão sobre o passado, Luiza rememora várias violações: “Reconheço e lembro de fatos. A vida inteira sofri diversos tipos de violência”.
Resiliente, Luiza Brunet transformou a batalha e dores em força para ajudar o público feminino. Ela menciona não precisar ir longe a quem deseja exercer o ativismo: “Pode ser dentro de casa e na vizinhança”. A empresária julga como fundamental dizer às mulheres sobre não ter de tolerar qualquer tipo de abuso, seja no ônibus, seja no trabalho ou na praia.
Veja também: O silêncio mata. Não se cale. Ajude a conter a violência contra a mulher
Durante a entrevista, Luiza mencionou o vazamento do vídeo íntimo de Natália Deodato, confinada no BBB22. A ativista ficou impressionada com o episódio, mas o que mais a assustou foram os comentários do Nego Di, ex-participante do Big Brother: “Ele sai com umas falas absurdas a respeito da moça, por ela ter vitiligo, como eu também tenho. Chama ela de dálmata. Sabemos que um vídeo assim é crime, a pornografia de revanche”.
Desejos
Perguntada sobre quais os maiores desejos, Luiza Brunet lista em primeiro lugar: “Que as mulheres compreendam o quão importantes são para a sociedade, economia e pilar familiar”. Como ativista, ela pretende “crescer mais”. “Não me programei, estou me tornando naturalmente ao contar a minha história sem medo e vergonha de ajudar quem precisa”, garante. No tópico empresarial, a modelo não deixa de fazer novos negócios: “Nunca paro”.
Para finalizar, Luiza faz uma recomendação: “Quando uma mulher passa por um relacionamento abusivo ou qualquer tipo de abuso, ela tem vergonha de contar por sofrer chantagem, não quer se expor, porque ocorre dentro da casa ou empresa que trabalha. Precisamos prestar atenção e sempre procurar saber se estão bem, confortáveis e se precisam de algo. É um momento de nos solidarizarmos e usarmos da sororidade de que tanto falamos. Ajude essa mulher a entender a situação abusiva e de violência para que possa sair o mais rápido possível”.
Veja também: Praia dos Ossos: história imperdível do feminicídio de Angela Diniz
O que há de errado com mulheres livres? Por que são penalizadas?