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O que explicaria tanta violência contra as mulheres no Brasil? Dados oficiais mostram que nunca houve tantos assassinatos no país, como os registrados no ano passado: quase 1500 mulheres, em 2023, tiveram mortes violentas, na maioria dos casos provocadas pelo marido, namorado ou companheiro.
O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio, segundoAlto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Só perde para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia em número de casos de assassinato de mulheres.
Como se não bastasse essa tragédia, temos outro dado aterrador: a cada seis minutos uma mulher é estuprada. É uma realidade que diminui o nosso país.
A rotina de violência contra elas vai se tornando tão comum que os jornais nem dão destaque a notícias como esse descalabro em 2023.
E o que fica muito claro é que os programas de combate à violência contra a mulher não estão funcionando. Isso tem que mudar!
Leia o artigo que Luis Felipe Azevedo escreveu para o Estadão:
A violência contra a mulher cresceu no Brasil em 2023. Dados divulgados nesta quinta-feira pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), apontam que o número de feminicídios subiu 0,8% em relação ao ano anterior. Foram 1.467 mulheres mortas por razões de gênero, o maior registro desde a publicação da lei que tipifica o crime, em 2015. Também foram verificados aumentos nas taxas de registros de agressões em contexto de violência doméstica (9,8%), ameaças (16,5%), perseguição/stalking (34,5%), violência psicológica (33,8%) e estupro (6,5%).
As modalidades de violência atingiram mais de 1,2 milhão de mulheres no ano passado, aponta o levantamento. A única exceção de crescimento, em comparação com os dados de 2022, foi o crime de homicídio, que caiu 0,1%, o correspondente a quatro casos a menos. O documento aponta que o crescimento do feminicídio neste cenário de queda nos homicídios pode estar relacionada ao modo de se registrar a ocorrência ao longo dos anos.
“Hoje, quase dez anos depois, é de se esperar que os profissionais do sistema de Justiça como um todo, e em especial os responsáveis por este primeiro registro — os policiais —, estejam mais adaptados a reconhecer o feminicídio e diferenciá-lo das demais formas de homicídio, o que deve impactar a qualidade do registro”, descreve o relatório.
Diretora Executiva do FBSP, Samira Bueno ressalta um crescimento expressivo nos registros de violência contra a mulher desde a pandemia da Covid-19, quando mulheres e crianças precisaram estar mais dentro de casa, local onde acontecem 64,3% dos feminicídios. A pesquisadora explica que o cenário de 2023 pode ser explicado tanto pela alta das notificações, quanto pelo incremento de incidências dos crimes.
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— Os dados mostram que os programas de combate à violência contra a mulher não estão funcionando. A criação de um Ministério da Mulher é um sinal importante após o baixo financiamento no governo Bolsonaro, mas a estrutura da pasta ainda não está completamente pronta. Esta é uma violência que potencialmente atinge metade da população e deve ser tratada com políticas estruturadas e contínuas — sustentta Bueno.