Em meio às discussões sobre o futuro da Floresta Amazônica, com um grande aumento, nos últimos tempos, do desmatamento e da destruição da mata, surge uma esperança para a região: um projeto inovador, “Amazônia 4.0”, levado adiante por Carlos Nobre, um dos mais respeitados e premiados estudiosos brasileiros do clima e das mudanças climáticas, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo(USP). Nesta excelente entrevista à jornalista Sandra Passarinho, o cientista explica que o projeto, visando o desenvolvimento sustentável da região, através do uso de tecnologia de ponta, visa a impedir a savanização da Amazônia – profunda transformação da vegetação, com consequências drásticas sobre o clima). E surge como uma terceira via.
Carlos Nobre, primeiro brasileiro a receber, o prêmio para Diplomacia Científica, da Associação Americana para o Avanço da Ciência, em fevereiro deste ano, começa a entrevista explicando o conceito das outras duas vias. A primeira, cujo objetivo era preservar a Amazônia, criou áreas de conservação e proteção dos territórios indígenas, sem ter um projeto específico para o desenvolvimento da região.
Já a segunda, idealizada pelo regime militar, depois do golpe de 1964, tinha como meta a ocupação da Amazônia por gente vinda de toda parte do Brasil, tendo em mente a expansão contínua da agropecuária. O cientista cita uma frase que norteou o projeto dos militares: “A ocupação da Amazônia seguirá a pata do boi.” Segundo Carlos Nobre, essas ideias vieram a tona novamente nos últimos tempos. “Voltamos 50 anos no tempo,” diz ele.
O plano proposto na terceira via, cuja implementação foi iniciada em 2018, visa a proteger a floresta e os povos tradicionais da região, principalmente as comunidades indígenas, mas também “gerar uma economia valiosa e sustentável(bio-economia).” E o que esse projeto traz de novo em relação aos outros dois? Ele responde: “A ideia do Amazônia 4.0 é que podemos ter uma economia mantendo a floresta em pé, através da industrialização dos seus produtos, com tecnologias modernas, agregando valor e criando empregos melhores.”
Embora o Brasil tenha a maior biodiversidade do planeta, Carlos Nobre lembra que aproveitamos pouquíssimo dessa riqueza. “A nossa biodiversidade gera mais de cinco mil frutas. E quantas delas estão na nossa economia? Apenas umas 20,” afirma ele, dando todos os detalhes do seu projeto na entrevista.
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